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Star Trek: Discovery | S02E02 “New Eden”

Possíveis Spoilers!

Despite Yourself é considerado por alguns o melhor episódio da primeira temporada, agora temos New Eden como um novo ponto alto de Discovery. Os dois episódios tem algo em comum: Jonathan Frakes. O veterano de Star Trek,mais conhecido por interpretar o comandante William Riker em Nova Geração(em outras palavras, meu ST favorito), também é responsável por dirigir os episódios, assim como já dirigiu de outros spin-offs e filmes da franquia. É interessante ver como sangue novo pode ser injetado por alguém que já viu e fez tanto pela série.

Em New Eden, a tripulação da USS Discovery decide atender um chamado de emergência do planeta Terralysium, habitado pelos sobreviventes da Terceira Guerra Mundial, o que revela que a mensagem foi enviada há mais de duzentos anos. Michael, Pike e Owosekun tornan-se os emissários da Discovery para a missão de desligar o chamado.

A premissa abre o clássico debate entre religião e ciência que já vimos mais de uma vez, mas quando o feijão com arroz é bem feito, merece o elogio. Os habitantes de Terralysium agora seguem uma crença baseada nos antigos ataques e tem uma vida mais “primitiva”, pré-dobra, mas ainda assim um membro dessa sociedade não está convencido e acredita que há naves espaciais e alienígenas lá fora.

Uma das coisas que esse episódio acerta em cheio é na abordagem desses temas e como a tripulação lida com eles, de forma imparcial e respeito pela primeira diretriz, até quando decidem revelar informações em um ponto importante. Na nave, Michael, Pike e Saru debatem sobre as implicâncias de interferir na cultura alheia, e é um daqueles momentos mais focados em diálogo que são um dos diferenciais de Star Trek. A trama também volta a abordar a rede de micélios e insere um possível obstáculo para a alferes Tilly, mas esses acabam sendo os pontos fracos do roteiro que nem valem a pena ser abordados com mais detalhes.

Anthony Rapp e Mary Wiseman

Com esse episódio dá pra ver um pouco mais como a série vai tratar Pike, que é um personagem importante do cânone, mas que até agora teve pouquíssimo espaço em tela (The Cage é a única vez em que ele realmente estrelou um episódio, tirando esse ele foi um coadjuvante ou menção), e até agora ele tem se apresentado como um líder mais calmo e compreensivo, uma linha mais Picard que Kirk, mesmo que no episódio anterior, Brother, tenha algumas falas menos inspiradoras, como o momento em que incentiva Burnham a se divertir sem se preocupar com quebrar algumas coisas no caminho. Vamos torcer para o Pike de New Eden ser o molde para o que virá no futuro.

Ainda sobre os personagens, é bom ver como estão dando mais atenção aos coadjuvantes. A decisão de levar Owosekun na trama principal foi uma boa ideia, assim como deixar Tilly e Stamets em um arco próprio. Por New Eden ter Pike como um protagonista mais evidente, fica a preocupação de que talvez Michael perca um pouco de sua importância em futuros episódios, mas com a chegada de Spock essa preocupação deve ser algo desnecessário. E isso deve ser um lembrete para quem ainda não entendeu: independente do que você sinta por Michael, ela é a protagonista, e a principal promessa de Discovery é seguir a jornada da personagem.

New Eden também tem um dos melhores trabalhos de design de produção da série, e isso pode ser visto na construção da pequena vila em Terralysium, com sua catedral constituída de belos vitrais que contam a história da Guerra. Geralmente, as missões de campo tem um bom trabalho desse departamento, mas sempre vale a pena mencionar. E se Discovery pode se vangloriar de algo, são os efeitos especiais, com representações visuais que impressionam, como a “manobra de Tilly”, que pode ser um pouco boba e conveniente na teoria, mas na prática é um dos melhores momentos da série.

Como é esperado, o episódio traz várias referências, como menções ao autor Arthur C. Clarke e talvez Elon Musk (Tilly estudou na Musk Junior High), sem contar um pouco de Shakespeare, que é sempre bem vindo em Star Trek, seja por um Kinglon ou não. Por último, pesquisei sobre uma lápide com o nome de “J.Scott”, que estava ocupando a maior parte de uma tomada, e talvez seja uma homenagem póstuma ao responsável pelos efeitos especiais de Nova Geração e Deep Space Nine, Steven J. Scott.

Frakes trouxe mais uma vez um pouco do espírito que todos gostam na franquia, com muita exploração, uma pequena aventura fechada e debates instigantes. Ele estará de volta para mais um episódio esta temporada, e até lá vamos continuar debatendo sobre os ataques dos anjos vermelhos e torcendo para que os próximos episódios continuem deste nível para cima.

Doug Jones e Jonathan Frakes

Ficha Técnica:
New Eden, S02E02
Direção de Jonathan Frakes
Roteiro de Akiva Goldsman e Sean Cochran
Atuações de Sonequa Martin-Green, Doug Jones, Anson Mount, Anthony Rapp e Mary Wiseman

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Star Trek: Discovery | S02E01 “Brother”

Eu sou o tipo de fã que não se importa com novas adaptações de alguma produção, isso desde que ela seja boa, obviamente. Mas admito ter me preocupado com Star Trek: Discovery. E antes que me interpretem mal, eu não sou raso o suficiente para basear minha avaliação da série apenas no quanto ela respeita a representatividade, isso sem contar que a franquia foi construída em cima de princípios que não só apoiam como encorajam a diversidade, então se você é do tipo que acha que a série está ruim porque ela “lacra” ou algum desses argumentos sem sentido, acho melhor evitar a franquia inteira. Tirando isso do caminho, vamos falar de “Brother”.

Depois de uma primeira temporada inconsistente, havia uma preocupação para o que viria neste segundo ano, principalmente depois do season finale da temporada anterior introduzir a clássica NCC-1701, capitaneada no momento por Christopher Pike (Anson Mount). “Brother” traz uma premissa bem simples, onde Pike é designado para comandar provisoriamente a Discovery.

No meio disso, há algumas tramas paralelas promissoras — mesmo que preocupantes — envolvendo o luto de Stamets (Anthony Rapp) por seu companheiro, e a preocupação de Michael Burnham (Sonequa Martin-Green) com o possível reencontro com seu meio-irmão, Spock (Ethan Peck). Das duas opções, apenas a trama de Stamets possui algum peso dramático, com um personagem incapaz de seguir em frente, que vê a pessoa que ama em todos os cantos daquela nave. Sua relação com a cadete Tilly (Mary Wiseman) também é muito boa e gera o momento mais honesto do episódio, isso graças à carisma da atriz (mesmo que ela exagere um pouco do seu comportamento algumas vezes). Mas aí entra a parte de Burnham e Spock, que infelizmente deveria receber bastante atenção, mas acaba virando uma subtrama tediosa de assistir, com flashbacks que atrapalham um pouco o ritmo.

Anson Mount

Com isso entramos no maior problema do episódio e, se continuar assim, da temporada: referências gratuitas. Há uma necessidade de inserir coisas que não fazem falta, pelo menos por enquanto. Não precisamos de todo o mistério em volta de Spock, por exemplo. Conhecemos o personagem, então a única função que as menções ao seu nome tem são a de lembrar o público de uma das figuras mais icônicas da franquia. As aparições de Sarek (James Frain) são menos desconfortáveis, um crédito para a atuação de Frain. O mesmo ocorre com Saru (do excelente Doug Jones), que é facilmente o meu personagem favorito da série, também graças ao desempenho de Jones.

Não tenho muito mais o que dizer do episódio. “Brother” não entrega nem mesmo o que o título propõe (a trama envolvendo os “irmãos” é a menos importante aqui), mas a ação é competente, as atuações estão boas e os efeitos visuais são o maior diferencial da série. Não vou me aprofundar em território de erro cronológico porque a série já provou não se importar com linhas temporais, e nesse episódio temos mais exemplos disso, como um visor estilo Geordi La Forge de algum membro da tripulação (vai que é uma versão teste, mas ainda assim isso entra em conflito com algumas coisas que já sabemos sobre o personagem e sua necessidade pelo aprimoramento). “Brother” não é um começo muito promissor, mas felizmente parece que Pike não vai se intrometer tanto quanto imaginei, então vamos torcer, já que o que eu quero é que melhore, torcer contra é perda de tempo.

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Cinema

Ghost in The Shell | Sussurros sobre Identidade

Masamune Shirow lançou em 1991 o mangá The Ghost in The Shell, com temas e personagens complexos que merecem ser conhecidos, mas a obra só ficou realmente conhecida e aclamada pela crítica depois de sua adaptação cinematográfica, em 1995, dirigida por Mamoru Oshii.

Ghost in the Shell (Kôkaku Kidôtai no original; O Fantasma do Futuro no Brasil) não é apenas uma referência em animação ou no subgênero cyberpunk, é uma grande obra da sétima arte. Seus elementos narrativos e os temas carregados de debate existencial criam um longa que pode ser assistido e dissecado várias vezes, e felizmente isso não se torna uma tarefa cansativa por conta do incrível trabalho de direção de arte que desenvolveu alguns dos visuais mais impressionantes que você vai ver em qualquer anime.

Motoko Kusanagi é uma ciborgue à serviço do Setor 9, um departamento de inteligência “responsável pela segurança nacional” (sem contar todas as outras funções que são confidenciais), com liberdade para atuar de forma violenta, se necessário. Motoko utiliza, além de sua inteligência, armas e seu próprio corpo aprimorado para capturar qualquer figura que possa ser considerada uma ameaça, seja física ou virtual. Ao lado de seus parceiros de trabalho, Batou e Togusa, Kusanagi procura pelo Mestre dos Fantoches, uma inteligência artificial (mesmo que ela não se considere e o conceito seja um pouco mais complexo do que isso) que anda cometendo atos terroristas com um objetivo ainda incerto.

Ghost in The Shell (ou GITS)é carregado de símbolos. Um dos principais é a própria cidade, um ambiente futurista modelado a partir de Honk Kong. Oshii aproveita o neon e a arquitetura, no entanto insere elementos menos deslumbrantes, como os escombros do que ficaram para trás em alguma catástrofe natural. A cidade respira, quase como um personagem próprio, mas não de forma alegre, aqui a solidão está em cada composição, com as pessoas em movimento constante e as construções gigantes e restritas. O filme representa isso através de uma sequencia de imagens apresentadas em um ritmo inalterado e a ausência dos sons daquele universo — o que temos é a excelente música de Kenji Kawai, uma melodia tribal com uma percussão e voz quase estarrecedora que não saem da cabeça.

Motoko e Batou em ação.

Mamoru Oshii já esteve envolvido em outras produções como esta, cheias de conceitos e visuais enigmáticos, como Angel´s Egg, de 1985. Em GITS ele abre debates de cunho filosófico, com temas como homogeneidade e consciência. Motoko é uma personagem tão complexa quanto o enredo da animação. A agente tem o costume de mergulhar e arrisca morrer por conta de alguma falha do sistema, mas ainda assim continua nadando, e são nestes momentos em que temos uma das rimas visuais mais poderosas do filme, quando a ascensão de Motoko à superfície é um espelho do seu nascimento, logo na cena de abertura, sendo erguida do tanque aquático onde foi projetada. A personagem diz que ali ela sente “medo, frio e solidão, mas também esperança”.

O filme abre uma conversa intensa sobre mente e corpo, mas o que mais preocupa Motoko é sua identidade: “Acho que ciborgues tem uma tendência paranoica sobre sua origem. As vezes suspeito não ser quem sou”. Ainda que a nossa individualidade esteja em questão, o filme não deixa de mostrar a importância da diversidade em uma sociedade que não consegue distinguir o real do artificial, e isso fico bem claro na forma de Togusa, o oficial da força policial que é admitido na missão de Motoko e Batou por sua particularidade: ao contrário de seus companheiros, Togusa não possui aprimoramentos que passam do superficial, ele é o mais “humano” da equipe. A experiência de cada ser vivo é uma contribuição para a consciência coletiva, as diferenças são uma vantagem, todos temos uma maneira única de ser e lidar com as coisas.

O que é verdade para um grupo também é verdade individualmente. Quando se é especialista demais, torna-se fraco.

A obra também aborda a parte mais assustadora da mente através do Mestre dos Fantoches. Um de seus primeiros atos é brincar com a realidade de suas vítimas, como o lixeiro que acredita estar fazendo tudo por sua mulher e filha, mas descobrimos que ele é solteiro e nunca foi pai. O Mestre dos Fantoches fez com que sua vítima aceitasse uma realidade que não era a sua. Os conceitos de realidade e consciência se confundem e isso faz com que todos fiquem ainda mais preocupados com o que o antagonista pode fazer.

Ghost In The Sell

Ghost in the Shell é uma das animações mais influentes do cinema japonês, ecoando em outras mídias e formatos, seja na abordagem de temas ou visuais, como podemos ver no cinema com Matrix (1999)ou nas séries, com Westworld (2016 — Atual). Há muito para ser dissecado de cada diálogo ou da direção de arte, seja detalhes mais óbvios ou pequenas rimas que fazem o constante retorno ao filme uma experiência cada vez melhor.

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Literatura

Cama de Gato | As Mentiras Inofensivas de Kurt Vonnegut

“Está vendo o gato? Está vendo a cama?”

O Bokononismo pode soar complicado para alguns. A leitura dos livros sagrados pode elucidar um pouco qualquer dúvida que tenha sobre seu karass ou como as fomas tem afetado sua vida. Mas o mais difícil mesmo é aceitar que esta é uma religião fictícia, criada pelo autor Kurt Vonnegut, em seu livro, Gama de Gato. Pode soar como um choque, mas não desanime, não é como se a minha verdade tivesse que ser a sua verdade.

A obra de Vonnegut segue John (o Jonah, já que ele prefere assim) em sua procura por registros de pessoas que estiveram envolvidas direta ou indiretamente com o dia em que Hiroshima foi bombeada pelos Estados Unidos. John consegue entrevistas com os filhos de um dos principais responsáveis pela bomba atômica: Felix Hoenikker. O que poderia ser apenas um recorte de comentários sobre o cientista acaba se tornando um mar de revelações, mas também um oceano de incertezas e questões sobre o que é essa substância aparentemente poderosa chamada gelo-nove, por exemplo.

John não imaginou que a história tomaria este rumo ou que ele pararia na ilha de San Lorenzo, onde todos são adeptos do Bokononismo, uma religião baseada em uma existência consciente das mentiras de seu criador. Mas talvez a maior surpresa para John foi acabar se tornando um adepto.

A primeira frase que aparece nos livros de Bokonon é esta:
Todas as verdades que estou prestes a contar são mentiras descaradas”. 
Meu conselho Bokononista é este:
Quem for incapaz de entender como uma religião benéfica pode ser baseada em mentiras também não vai entender esse livro.
Que assim seja.

Cama de Gato, editora Aleph, 2017

Parece confuso, e é confuso. Vonnegut faz questão de explicar a terminologia e os dogmas de sua religião fictícia, mas não deixa de brincar com o conceito e a forma — irracional — como aderimos ao pensamento de uma figura religiosa (ou política) absoluta, o que rende as melhores piadas e os momentos mais engraçados do livro. Você pode fazer parte de um karassequipes que realizam a Vontade de Deus, sem nunca descobrir o que estão fazendo; Mas se você é do tipo de pessoa que prefere apenas uma relação à dois e quer alguém para dividir seus ideais bokononistas, está pronta para um duprass, que é basicamente um karass formado por duas pessoas.

Vonnegut em todo seu esplendor

Cama de Gato consiste em 127 curtos capítulos, cada um apresenta um elemento com algum tipo de piada ou pelo menos preparação para uma, muitas vezes utilizando apenas duas páginas. A obra também traz várias canções e passagens do livro de Bokonon, muitas vezes lidos em forma de calipso, o gênero musical afro-caribenho (escolhido por ser representativo de Trinidad e Tobago, e por conta de Lionel Boyd Johnson, um negro, episcopaliano de batismo e súdito britânico da ilha de Tobago. Para a maioria ele é conhecido apenas como Bokonon). O livro de Vonnegut carrega muitas de suas marcas registradas, como o humor negro que ele insere no cotiado nos personagens, fazendo com que a tragédia seja mais um inconveniente do que uma… tragédia (não pensei em um sinônimo melhor). Há ironia espalhada durante toda a narrativa, e é assim que caímos nas situações mais hilárias da obra, como a própria relação de John com os habitantes de San Lorenzo e a bela Mona, a filha de “Papa” Monzano, o comandante da ilha.

Também há paralelos entre Cama de Gato e outras obras do autor. Um dos pensamentos do bokononismo diz que os parceiros de um duprass morrem com a diferença de uma semana um do outro, um conceito já utilizado em As Sereias de Titã. Mas a ligação mais direta com Sereias é revelada quando Bokonon escreve sobre ter trabalhado com a família Rumfoord, uma das peças mais importantes do texto.

Mas além de todas as piadas na superfície, há um debate mais íntimo na obra, envolvendo um dos capítulos mais tristes da Segunda Guerra Mundial, quando Vonnegut presenciou o bombardeio da cidade de Dresden, na Alemanha, um ataque que acabou completamente com a beleza do ponto turístico. O acontecimento serviu de inspiração para outro livro de Vonnegut, Matadouro 5, mas não ficou por aí, o autor continuou carregando o trauma em várias de suas obras. Em Cama de Gato os horrores da guerra são representados na figura de Hoenikker e sua criação, o gelo-nove, capaz de solidificar qualquer forma líquida. Uma invenção genial, com propósitos militares, que acaba parando nas mãos menos experientes que se pode imaginar. Mesmo com a abordagem cômica, fica clara a crítica e a indignação do autor com a neglicencia de figuras políticas e científicas tão poderosas.

Mural em Dresden em homenagem ao autor, que foi prisioneiro de guerra.

O Décimo quarto livro [de Bokonon] é intitulado “O que um homem sensato espera da humanidade na Terra, dada a experiência dos últimos milhões de anos?”.
Não levei muito tempo para ler o Décimo quarto livro. Ele consiste de uma palavra e um ponto final.
É o seguinte:
“Nada”.

Vonnegut acabou trazendo muito da sua realidade para a literatura, como próprio Hoenikker, inspirado em Irving Langmuir, um estudioso na área da teoria atômica e também vencedor de um Nobel, assim como o personagem. Os temas de seus livros são embasados em traumas e muito de seu comportamento e atitudes mudaram por conta da Guerra. “Foi quanto eu perdi minha inocência, na verdade… Quando a bomba caiu em Hiroshima”, conta o autor*.

A abordagem cínica e quase provocadora de Kurt Vonnegut faz de Cama de Gato uma das leituras mais absurdas e instigantes que já fiz, com personagens cheios de personalidade e diálogos carregados de acidez. É um jeito inteligente de comentar mais uma vez sobre nossas noções de livre-arbítrio e crença, e como fingimos ter tudo em controle.

“Tudo deve ter um propósito?”, perguntou Deus.
“Certamente”, disse o homem.
“Então deixarei que você pense em um propósito para tudo isso”, disse Deus. 
E Ele foi embora.

capa cama de gato

Cama de Gato (Cat´s Cradle)
de Kurt Vonnegut

Editora Aleph, 2017

Capa de Adalis Martinez

304 páginas

Tradução de Livia Koeppl

*Documentário “Kurt Vonnegut So It Goes” para o canal BBC sobre Cama de Gato e a Segunda Guerra, exibido em 1983: