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Cookies, armas letais e batalhas espaciais em “Final Space”

Produzida pela Conaco (do apresentador e comediante, Conan O´Brian), Final Space foi distribuída pelo canal TBS e, como no caso do Brasil, no serviço de streaming da Netflix. Criada por Olan Rogers e David Sacks, a série animada é uma boa pedida para quem está sofrendo com o intervalo entre temporadas de Rick and Morty. Ambas tratam o gênero da ficção científica com bom humor e irreverência, sem medo de mostrar um pouco de sangue no caminho — e aqui deve ficar bem claro que as duas séries mencionadas não são indicadas para crianças, mesmo apresentando um humor mais imaturo.

Em Final Space, seguimos o capitão Gary Goodspeed (dublado pelo próprio Olan Rogers), que na verdade não é capitão algum e só está tentando converter sua situação de prisioneiro espacial em uma nave do governo. Todos os seus dias são iguais, tentando roubar cookies da máquina sem permissão, aturando o robô inconveniente, KVN (Fred Armisen), e tendo como companheiro apenas o computador HUE (Tom Kenny) e -talvez- Quinn (Tika Sumpter), a cadete da Guarda Infinita que o colocou ali. Gary está quase livre, sua sentença está próxima do fim, mas ele encontra Mooncake, uma criatura fofa e divertida capaz de destruir um planeta inteiro.

Gary, Mooncake e Avocato
GaryMooncake e Avocato

Como já mencionei, a série tem algumas similaridades com Rick and Morty, mas é menos “ complexa” na abordagem de alguns temas sérios e tem um drama mais sólido, como a relação entre Gary e seu pai, um famoso astronauta que morreu em missão. Aí entra outra comparação, com Guardiões da Galáxia, não só nessa relação familiar que move a trama, mas no protagonista, que tem uma personalidade que parece ter sido retirada diretamente de Peter Quill, só que menos interessante, o que é o ponto fraco da série. Gary tem seus momentos e muitas das piadas da série funcionam, mas seu comportamento exagerado e impaciente nem sempre caem bem e soam como um alívio cômico sem efeito. Ainda assim, ele não chega a ser um incômodo do tamanho de KVN, o robô dublado por Fred Armisen (ator que eu adoro), que está cantarolando e irritando a tripulação constantemente. Não importa se é intencional, isso irrita até quem assiste, porque independente da situação, ele está falando ou cantando algo que já deixou de fazer graça episódios antes.

Falando assim, parece que estou desmerecendo os personagens, mas tirando esses dois do caminho, todo o elenco é mais que competente, e olha que a série tem algumas vozes bem populares, como David Tennant, dublando o vilão Lord Commander, e Keith David fazendo uma ponta como a entidade Bolo. Ron Perlman (o único Hellboy possível) é o pai de Gary, e Steven Yeunfaz Little Cato, o filho de Avocato (Coty Galloway), um dos novos companheiros de Gary.

A animação é boa, principalmente nas cenas de ação, com perseguições e explosões que tem um apelo visual maior, como em uma cena envolvendo um campo gravitacional e um planeta em ruínas. O pequeno Mooncake serve quase como um MacGuffin — aquele objeto que serve para impulsionar a trama — , com seus poderes que ainda não podemos medir, mas já houveram demonstrações de grande energia.

Muito da comédia é feita em cima do protagonista, ele é o alvo das piadas e é até melhor serem feitas “com ele” do que “por ele”, como a corrida para pegar uma boa nave, que não dá muito certo, ou o seu primeiro acidente quase mortal. Outro personagem bem engraçado, que infelizmente tem pouco tempo em tela, é Tribore (Olan Rogers, mais uma vez), o alienígena da Guarda Infinita que se comunica usando uma retórica peculiar, perguntando e respondendo as coisas ao mesmo tempo.

Tribore e Quinn
Tribore e Quinn

Final Space mescla boas piadas com conceitos divertidos da ficção científica que podem render muitas temporadas, e ainda sobra espaço para um pouco de drama mais pra frente. É um bom começo para a série e uma boa indicação para quem procura algo descompromissado, mas criativo.

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