Continuando com uma das melhores séries da ficção científica atual, a terceira temporada de The Expanse mergulha em debates políticos e fica cada vez mais perto da guerra iminente entre a Terra e Marte. A temporada também é marcada por alguns saltos temporais que avançam a trama de uma maneira orgânica, e isso apenas beneficia a narrativa, que precisa lidar com as consequências a longo prazo dos encontros da Rocinante.
Aqui abordamos a segunda metade de Caliban’s War e grande parte dos eventos de Abaddon’s Gate, o segundo e terceiro livros da série The Expanse, respectivamente. E ainda que as conspirações continuem fortes, podemos ver que o principal tema da temporada é a traição e suas consequencias, não importa se para algo no qual acredita ser o melhor para todos, como Naomi faz com seus amigos; ou o melhor para seu próprio nome, como Sadavir Errinwright, que tem seus planos envolvendo a proto molécula revelados.
Agora temos novas adições ao elenco, como a Dra. e Reverenda Anna Volovodov, interpretada por Elizabeth Mitchell, que traz uma personagem mais centrada e aparentemente imparcial, mas ela logo se mostra mais do que apenas uma figura pública; e além de novidades, há espaço para retornos, mesmo que sejam em forma de visões, e é ótimo ver Thomas Jane no papel de Miller novamente. A maneira na qual foi inserido no contexto atual da série foi uma das decisões inteligentes dessa temporada.
Mas dando destaque para o elenco recorrente, vale sempre mencionar o quão incrível é a interpretação de Shohreh Aghdashloo como a irreverente Chrisjen Avasarala, capaz de roubar a cena de qualquer um. Mas duas personagens tiveram um grande destaque na temporada e exigiram um comprometimento maior, e essas são Naomi Nagata (Dominique Tipper) e Camina Drummer (Cara Gee).
As duas estiveram em um dos núcleos dramáticos mais importantes, lidando com suas decisões com extrema cautela, sabendo que qualquer passo em falso pode estragar o que construíram no caminho. A relação de Naomi com Holden (Steven Strait) acaba se fragilizando, assim como Dummer e Ashford (David Strathairn), e felizmente Tipper e Gee são ótimas atrizes, principalmente considerando a carga emocional que conseguem entregar enquanto precisam manter seu sotaque belta.
Deixando o elenco de lado, um departamento que não deixa de me surpreender é o de efeitos visuais, que aperfeiçoou suas sequências de “embate” espacial e mostra uma enorme evolução, arriscando deixar a câmera por mais tempo em elementos que necessitam completamente do CGI para sua execução.
Mas um elemento que não canso de elogiar é o roteiro, que continua sagaz, com ótimos diálogos, sem medo de construir tensão e entregar revelações que podem alterar completamente o status quo da série. Ainda que tenhamos uma pequena subtrama envolvendo um membro de uma equipe de filmagens, à bordo da Rocinante, que acabou ficando previsível demais, ou episódios em que alguns eventos pareciam um pouco desconexos (talvez culpa maior da montagem, não do roteiro), o texto da série está fazendo um trabalho como poucos de trazer uma produção de hard scifi que merece ser levada a sério.
Com um drama bem estabelecido, trama envolvente e efeitos visuais incríveis (mesmo sem um orçamento gigante), The Expanse merece ser assistida por qualquer fã de ficção científica, e mesmo que o próprio canal SyFy não acredite nisso, a série felizmente foi renovada para uma quarta temporada, pela Prime Video.
Continuamos a jornada com Pinus Contorta Rocinante!