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Watchmen | Martial Feats Of Comanche Horsemanship – S01E02

Chegamos ao segundo episódio da série Watchmen, com mais revelações, mas também muito mais mistérios. Nicole Kassel retorna para a direção, construindo a tensão e estabelecendo alguns elementos que provavelmente serão essenciais para compreender a “grande conspiração” prenunciada por Will Reever, o centenário em cadeira de rodas aparentemente responsável pela morte de Judd Crawford. 

Agora Watchmen parece estar mais ligada ao seu material original, com referências diretas aos quadrinhos, além de começar a revelar o possível caminho que seguirá até o fim da temporada, dando maior espaço para os acontecimentos de Tulsa em 1921 e o drama pessoal de Angela, que descobre informações importantes sobre seu próprio passado. 

Podemos ver Looking Glass em ação novamente, dessa vez tentando conversar com Night (alter ego de Angela) sobre o assassinato de Crawford, o que a deixa desconfortável. Red Scare também recebe atenção, mesmo que superficialmente. Entendemos porque seu uniforme é vermelho (ele se considera um comunista) e vemos seu ódio pela Kavalaria ou os apoiadores de Nixon. 

Não houveram grandes mudanças em tom do primeiro episódio para esse, apenas na música de Trent Reznor e Atticus Ross, que ficou ainda melhor e mais experimental, então para não perder tempo, vamos logo para as referências e teorias.  

Sob o Capuz: Referências e Teorias (SPOILERS)

Watchmen
  • Retornamos a Tulsa, e podemos ver como o passado será um ponto chave para compreender a temporada. Podemos ver mais uma vez o pequeno Will Reever, lendo o panfleto com as regras para os negros em tempos de guerra. O episódio abre com um oficial alemão pedindo para que sua secretária datilografe uma mensagem em inglês direcionada aos soldados negros.

    Essa cena não é ficção, a mensagem é real e ainda há cópias digitalizadas do panfleto em alguns museus dos EUA. Ainda não sabemos o paradeiro do bebê encontrado por Will, mas algo me diz que ele pode ter algo a ver com a “nave” que surge na conclusão do episódio e leva o centenário embora. Abaixo, você pode ver uma réplica do panfleto.
  • Uma das grandes ligações diretas aos quadrinhos é a banca de jornal do Mr. News, onde temos o jornaleiro Seymour conversando com o entregador, uma clara alusão ao personagem Bernard, dono de uma banca que observa e conhece todos em volta. Na HQ, Bernard está sempre conversando com um jovem que senta na calçada e lê a nova edição do Cargueiro Negro (quadrinho dentro do universo de Watchmen), mas é apenas no fim que descobre o nome do jovem, o mesmo que o seu.

    Na série, podemos ver que o jornal New Frontiersman e a revista Nova Express continuam em atividade. Ao fundo, é visível um estabelecimento chamado Mac Mcgee, mais uma referência musical da série, dessa vez à cantora Janis Joplin e sua música Me and Bobby McGee, presente na HQ e na trilha do filme de Zack Snyder, de 2009.
  • Antes dessa cena, há outra referência aos quadrinhos, um detalhe pequeno mas que prova a atenção da série aos detalhes. Entre a transição das cenas de Angela e do jornaleiro, podemos ver uma silhueta marcada na parede de um casal de beijando, e essa mesma imagem pode ser vista nos quadrinhos.
  • No episódio, Angela tenta descobrir a verdadeira identidade de Will, então decide ir ao centro cultural de Greenwood, onde é recebida por uma mensagem digital do secretário do tesouro nacional, Henry Louis Gates Jr, que na vida real é um editor, escritor e acadêmico envolvido nos estudos sobre o passado histórico da comunidade negra.
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  • Uma coisa curiosa foi ver a forma como alguns repórteres e paparazzi fazem seu trabalho no mundo da série. Quando Night, Looking Glass e Red Scare chegam para ajudar a polícia na cena do crime de Judd Crawford, um homem com asas mecânicas cai no capô de um carro, enquanto outro pode ser avistado sobrevoando o local com uma câmera. Red Scare chama esses repórteres de “moths”, ou “traças”, em português. Essa pode ser uma menção ao personagem Byron Lewis, dos quadrinhos, que atuava como o herói Mothman, do grupo Minutemen (os Watchmen originais), traduzido por aqui para Traça.
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  • E por falar nos Minutemen, finalmente acontece a estréia do programa American Hero Story, contando a história de heróis clássicos atuando contra o crime. O episódio foca na jornada do Justiça Encapuzada, um dos primeiros justiceiros em atividade, e o mais misterioso. Além do que parece ser uma homenagem aos primeiros minutos do filme Crepúsculo dos Deuses, de Billy Wilder, a série dentro da série parece estar parodiando o estilo de filmagem do diretor Zack Snyder, enchendo as cenas de câmera lenta e violência gratuita.

    Eu já mencionei por aqui, mas para quem esqueceu, Snyder dirigiu a adaptação para o cinema de Watchmen, em 2009, e essas são algumas de suas marcas registradas. Além disso, a série faz uma comparação entre os eventos do clímax do quadrinho e o pandemônio causado pelo diretor Orson Welles em 1938, quando decidiu narrar os acontecimentos do livro Guerra dos Mundos ao vivo em uma rádio pública. A descrição de uma invasão alienígena causou uma comoção enorme entre os ouvintes, muitos acabaram correndo pelas ruas ou ligando para a emergência pedindo ajuda.
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  • Uma das coisas mais curiosas do episódio é uma cena envolvendo o garoto Thoper Abar, interpretado por Dylan Schombing, que pode ser visto construindo um tipo de castelo gravitacional com peças magnéticas de um conjunto chamado Magna-Hattan Blocks. Além da óbvia ligação do nome Magna-Hattan com Manhattan, essa pode ser uma cena importantíssima para a série, isso porque a ligação não está apenas em palavras, mas visualmente.

    No primeiro episódio, Manhattan é transmitido na TV tentando construir um castelo bastante parecido com o de Topher. Estariam os dois ligados de alguma maneira? E se formos ainda mais ousados, será que há alguma conexão com o castelo de Adrian Veidt?
  • Por falar em Veidt, voltamos ao seu castelo escondido do mundo, onde Adrian parece estar tentando recriar seus dias como em uma peça teatral, o que ele já está fazendo com seus funcionários, tentando trazer para a luz sua tragédia O Filho do Relojoeiro, uma dramatização da história de origem do Dr. Manhattan (com direto à Cavalgada das Valquírias, de Wagner, como trilha sonora – outra ligação com o filme de Snyder).

    Essa é uma das sequencias mais absurdas do episódio, revelando que todos os funcionários de Adrian são clones. Isso faz sentido se lembrarmos que ele é um dos nomes mais importantes do mundo quando se fala em tecnologia e ciência, tanto que seu animal de estimação nos quadrinhos, Bubastis, era uma criatura geneticamente modificada, então nada mais justo para o personagem do que evoluir sua pesquisa para seres humanos. E por falar em Bubastis, Adrian tem agora outro animal de estimação, um cavalo chamado Bucéfalo, inspirado no cavalo de mesmo nome do imperador “Alexandre, O Grande”, o maior ídolo de Veidt.
  • É na casa de Judd Crawford que recebemos algumas das reviravoltas e informações mais importantes do episódio, mesmo que ainda não esteja claro se são reais ou fabricadas por alguém tentando sujar a imagem do oficial. A primeira informação é o quadro Martial Feats of Comanche Horsemanship, que pode ser encontrado na sala de Judd. A pintura de 1984 dá nome ao episódio e representa as primeiras batalhas entre os índios e a cavalaria, talvez uma referência temática aos membros da Kavalaria que usam máscaras de Rorschach.

    A segunda é a introdução do personagem Joe Keene, o filho (talvez neto) do senador Keene, responsável pela lei de 1977 que proíbe a atividade de heróis com identidade secreta na HQ. Tudo indica que ele será o principal concorrente de Robert Redford nas próximas eleições, e do jeito que as coisas vão, parece que vai ser uma disputa difícil.

    Tirando a revelação final da sequencia em que um traje da Klu Klux Kan é encontrado no armário de Judd, a série continua tentando nos convencer de que ele era o Coruja o tempo inteiro, e aí entra a terceira informação importante, quando Angela encontra um par de óculos capazes de visão raio-x bastante similares aos óculos de leitura infravermelha de Dan Dreiberg, o Coruja, nos quadrinhos.
  • Mesmo em um episódio com clones e fotógrafos alados, o mais estranho mesmo foi o imã gigante que veio dos céus para resgatar (?) Will. Até o momento a minha teoria para isso é que… a série é louca mesmo. Admito não lembrar de nada assim nos quadrinhos, mas entre as sombras podemos ver que há uma hélice, que deve fazer parte de alguma nave de recolhimento. Vai saber ¯\_(ツ)_/¯
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Antes de terminar esse texto, uma boa dica para quem quer saber ainda mais sobre os bastidores de Watchmen é o PeteyPedia, um site mantido pela HBO, onde cataloga notícias e documentos importantes como se fosse parte da série, assim como o próprio Alan Moore fez entre as edições da HQ original, quando aproveitava as páginas de publicidade para criar mais conteúdo sobre o universo que criou.

Parece que as coisas vão ficar muito mais confusas daqui pra frente, então não se esqueça de voltar na próxima semana para continuarmos debatendo a série. Até lá!

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