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Indicados ao HUGO AWARDS 2021 | Conheça os finalistas

No dia 13 de abril foram anunciados os finalistas para uma das principais premiações de ficção científica e fantasia da indústria, o prêmio Hugo (ou Hugo Awards), que leva esse nome por conta de Hugo Gernsback, inventor e editor da revista Amazing Stories, a primeira com foco total em narrativas de ficção científica. Desde sua primeira edição, em 1953, temos uma seleção do que há de melhor no gênero, passando pela literatura, quadrinhos, filmes, séries, e pela primeira vez, jogos.

Os votos são feitos pelos membros da World Science Fiction Society (ou Worldcon) e os finalistas de 2021 foram anunciados pelos autores e pesquisadores Sheree Renée Thomas, Malka Older e Ulysses Campbell. Vamos aos indicados da 68ª edição dos Hugo Awards, com alguns comentários rápidos sobre o conteúdo que assisti, e onde você pode encontrá-los.

Melhor Romance

* Alguns dos livros já foram lançados ou possuem distribuição confirmada no Brasil, então esses foram deixados com a editora original e a editora nacional, em itálico.

  • Black Sun, Rebecca Roanhorse (Gallery / Saga Press)
  • The City We Became *, N.K. Jemisin (Orbit) – Editora SUMA
  • Harrow the Ninth, Tamsyn Muir (Tor.com)
  • Network Effect, Martha Wells (Tor.com)
  • Piranesi *, Susanna Clarke (Bloomsbury) – Editora Morro Branco
  • The Relentless Moon, Mary Robinette Kowal (Tor Books)

Comentários: Da lista de indicados, dois romances já possuem distribuição confirmada no Brasil. A primeira delas é The City We Became, de N.K. Jemisin, que tem sido premiada praticamente todos os anos por conta de sua série A Terra Partida, que foi lançada por aqui pela editora Morro Branco. Mas dessa vez, a autora será publicada pela editora Suma, que tem focado no mercado de ficção especulativa com mais atenção nos últimos anos.

Além de Jemisin, Susanna Clarke e seu Piranesi foram confirmados pela editora Morro Branco, que tem feito um ótimo trabalho de trazer autores novos e relevantes para o público. Os outros livros ainda não possuem distribuição confirmada, mas dá pra ver que duas séries continuam fazendo bastante sucesso com o público, como Network Effect, da aclamada série de livros Murderbot Diaries, e The Relentless Moon, da série Lady Astronaut. Ambos tem estado presente nos últimos anos das principais premiações do gênero, e me surpreende que ainda não foram confirmadas por alguma editora por aqui.

Autora NK Jemisin, indicada mais uma vez ao Hugo Awards

Melhor Novela

  • Come Tumbling Down, Seanan McGuire (Tor.com)
  • The Empress of Salt and Fortune, Nghi Vo (Tor.com)
  • Finna, Nino Cipri (Tor.com)
  • Ring Shout, P. Djèlí Clark (Tor.com)
  • Riot Baby, Tochi Onyebuchi (Tor.com)
  • Upright Women Wanted, Sarah Gailey (Tor.com)

Melhor Noveleta

Para as noveletas disponíveis gratuitamente, é só clicar nos links. Todas estão na língua original.

Comentários: Com exceção da polêmica Helicopter Story, originalmente intitulada “I Sexually Identity as an Attack Helicopter”, e The Pill, que está disponível apenas de forma paga na coletânea Big Girl, da autora Meg Elison, todas as outras noveletas estão disponíveis para o público.

Melhor Conto

Para os contos disponíveis gratuitamente, é só clicar nos links. Todos estão na língua original.

Melhor Série Literária

  • The Daevabad Trilogy, S.A. Chakraborty (Harper Voyager)
  • The Interdependency, John Scalzi (Tor Books)
  • The Lady Astronaut Universe, Mary Robinette Kowal (Tor Books/Audible/Magazine of Fantasy and Science Fiction)
  • The Murderbot Diaries, Martha Wells (Tor.com)
  • October Daye, Seanan McGuire (DAW)
  • The Poppy War, R.F. Kuang (Harper Voyager)

Comentários: Mais uma vez, temos as séries Lady Astronaut e Murderbot Diaries nas mais aclamadas do ano, mas também temos John Scalzi com seu The Interdependency. Ainda não tive acesso aos outros da lista, mas parecem bem interessantes. 

Melhor Artigo / Ensaio

Para os artigos e ensaios disponíveis gratuitamente, é só clicar nos links. Todos estão na língua original.

Comentários: Desta lista, dá pra ver que temos um livro sobre Octavia Butler, o que é sempre bom, e o reconhecimento de alguns eventos relevantes, além de uma tradução nova de Beowulf e um artigo sobre a polêmica envolvendo a George R.R.Martin apresentando a premiação em 2020, que contou com o escritor de Game of Thrones errando o nome de participantes e cometendo outras gafes. A maior surpresa aqui é o vídeo de Jenny Nicholson, uma criadora de conteúdo que adoro, mas fiquei impressionado em ver reconhecimento por sua análise da comunidade de fãs adultos da série animada My Little Pony. Sério, vale a pena assistir, é um ótimo vídeo. 

Melhor Narrativa Gráfica (Quadrinho)

  • DIE, Volume 2: Split the Party, de Kieron Gillenn, Stephanie Hans e Clayton Cowles (Image Comics)
  • Ghost-Spider vol. 1: Dog Days Are Over, de Seanan McGuire, Takeshi Miyazawa e Rosie Kämpe (Marvel)
  • Invisible Kingdom, vol 2: Edge of Everything, de G. Willow Wilson e Christian Ward (Dark Horse Comics)
  • Monstress, vol. 5: Warchild, de Marjorie Liu e Sana Takeda (Image Comics)
  • Once & Future vol. 1: The King Is Undead, de Kieron Gillen, Dan Mora, Tamra Bonvillain e Ed Dukeshire (BOOM! Studios)
  • Parable of the Sower: A Graphic Novel Adaptation, de Octavia Butler (livro original), Damian Duffy e John Jennings (Harry N. Abrams)

Comentários: A prova de que eu estou completamente atrasado nas minhas leituras de quadrinhos é que, dessa lista, reconheci apenas três nomes, e só li um, o ótimo Monstress.

Melhor Dramatização, Longa (Melhor Filme)

  • Aves de Rapina / Birds of Prey (and the Fantabulous Emancipation of One Harley Quinn), de Cathy Yan (Warner Bros.)
  • Eurovision Song Contest: The Story of Fire Saga, de David Dobkin (European Broadcasting Union/Netflix)
  • A Velha Guarda / The Old Guard, de Gina Prince-Bythewood (Netflix / Skydance Media)
  • Palm Springs, de Max Barbakow (Limelight / Sun Entertainment Culture / The Lonely Island / Culmination Productions / Neon / Hulu / Amazon Prime)
  • Soul, de Pete Docter e Kemp Powers (Pixar Animation Studios/ Walt Disney Pictures)
  • Tenet, de Christopher Nolan (Warner Bros./Syncopy)

Comentários: Algumas ótimas escolhas, outras nem tanto. Por mais que o conceito seja interessante, Tenet foi Christopher Nolan demais pra mim, e não no bom sentido. Eurovision é divertido, mas assim como A Velha Guarda, poderiam ter dado espaço para filmes menores e melhores. Soul é ótimo, e Aves de Rapina foi um filme surpreendentemente equilibrado e bem dirigido em um DCEU cada vez mais confuso, mas de longe, a minha escolha de favorito para essa lista vai claramente para o divertido e criativo Palm Springs, que trouxe um enredo bem construído e um elenco ótimo, com Andy Samberg e Cristin Milioti, sem contar um hilário J.K Simmons.

Melhor Dramatização, Curta (Melhor Episódio de Série)

  • Doctor Who, “Fugitive of the Judoon”, escrito por Vinay Patel e Chris Chibnall, direção de Nida Manzoor (BBC) – GLOBOPLAY
  • The Expanse, “Gaugamela”, escrito por Dan Nowak, dirigido por Nick Gomez (Alcon Entertainment / Alcon Television Group / Amazon Studios / Hivemind / Just So) – AMAZON PRIME VIDEO
  • She-Ra and the Princesses of Power, “Heart” (parts 1 and 2), escrito por Josie Campbell e Noelle Stevenson, direção de Jen Bennett e Kiki Manrique (DreamWorks Animation Television / Netflix) – NETFLIX
  • The Mandalorian, “Chapter 13: The Jedi”, escrito e dirigido por Dave Filoni (Golem Creations / Lucasfilm / Disney+) – DISNEY+
  • The Mandalorian, “Chapter 16: The Rescue”, escrito por Jon Favreau, dirigido por Peyton Reed (Golem Creations / Lucasfilm / Disney+) – DISNEY+
  • The Good Place, “Whenever You’re Ready”, escrito e dirigido por Michael Schur (Fremulon / 3 Arts Entertainment / Universal Television, a division of Universal Studio Group) – NETFLIX

Comentários: Podemos ver que a premiação tem alguns favoritos. Não é a primeira vez que vemos essas séries por aqui, e com exceção de Doctor Who, porque estou bastante atrasado nas temporadas, assisti todos os indicados. A segunda temporada de Mandalorian foi muito divertida, assim como She-Ra e as Princesas do Poder, que teve um final maravilhoso. Por falar em final, terminei recentemente a série The Good Place, então está bem fresca na memória e posso dizer que aquele final foi bem emotivo, mas sem perder a graça. E para quem me conhece, sabe que vou soar como um disco arranhado, mas The Expanse é incrível, e Gaugumela foi uma aula de roteiro e direção, sem contar que foi, de longe, o episódio com as melhores atuações da série. 

Se você quiser saber mais sobre as MELHORES SÉRIES de 2020, temos um vídeo no canal do Primeiro Contato com a retrospectiva das melhores e piores séries de ficção científica do último ano:

Melhor Jogo (Video-game)

Essa é uma nova categoria.

  • Animal Crossing: New Horizons (Publisher and Developer: Nintendo)
  • Blaseball (Publisher and Developer: The Game Band)
  • Final Fantasy VII Remake (Publisher Square Enix)
  • Hades (Publisher and Developer: Supergiant Games)
  • The Last of Us: Part II (Publisher: Sony Interactive Entertainment / Developer: Naughty Dog)
  • Spiritfarer (Publisher and Developer: Thunder Lotus)

Comentários: Eu admito que não sou muito fã dos jogos atuais, principalmente aqueles com grande detalhe gráfico. Sou do tipo “jogo de plataforma 2d direto ao ponto”, então alguns dessa lista não posso opinar, e outros eu nem conheço ou tenho dinheiro pra jogar (adeus, Animal Crossing, saudade do que nunca tive).

Prêmio John W. Campbell Award para Melhor Escritor Estreante

  • Lindsay Ellis (primeiro ano elegível)
  • Simon Jimenez (primeiro ano elegível)
  • Micaiah Johnson (primeiro ano elegível)
  • A.K. Larkwood (primeiro ano elegível)
  • Jenn Lyons (segundo ano elegível)
  • Emily Tesh (segundo ano elegível)

Lodestar Award para Melhor Livro YA (Young-Adult)

* Alguns dos livros já foram lançados ou possuem distribuição confirmada no Brasil, então esses foram deixados com a editora original e a editora nacional, em itálico.

  • Cemetery Boys, de Aiden Thomas (Swoon Reads) – Galera Records
  • A Deadly Education, de Naomi Novik (Del Rey)
  • Elatsoe, de Darcie Little Badger (Levine Querido)
  • Legendborn, de Tracy Deonn (Margaret K. McElderry/ Simon & Schuster Children’s Publishing) – Intrínseca
  • Raybearer, de Jordan Ifueko (Amulet / Hot Key)
  • A Wizard’s Guide to Defensive Baking, de T. Kingfisher (Argyll Productions)

Este foi mais um ano em que o Hugo Awards tem uma lista de indicados bastante diversa. É interessante ver a quantidade de mulheres nas principais categorias, o que mostra como a premiação segue um caminho mais aberto para representações e pontos de vista diferentes. Assim que os vencedores saírem, voltamos com a lista atualizada!

Leia a lista completa

Para mais conteúdo sobre o universo da ficção científica, siga o Primeiro Contato Scifi nas redes sociais e no canal:


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Akira | Abrindo as portas para a animação japonesa

Uma das obras definitivas da animação japonesa, Akira foi lançado em 1988, uma adaptação do mangá homônimo de 1982, publicado originalmente na revista Young Magazine. O filme teve algumas vantagens na transição das páginas para a tela, a principal sendo o envolvimento do autor responsável pelo mangá, Katsuhiro Ôtomo, também assumindo a direção do longa. 

Dividido em seis volumes, seria impossível desenvolver todos os elementos do mangá para um filme de menos de duas horas. A solução foi aproveitar uma parcela do primeiro volume e pular diretamente para o último, o que pode afetar negativamente a execução da versão cinematográfica, mas falamos disso em breve.

Além disso, é curioso perceber que o material original foi concluído apenas em 1990, dois anos após o filme já ter feito um enorme sucesso no mercado japonês, deixando claro que a adaptação complementa o mangá e cria uma forma de narrativa transmidiática. Mesmo assim, ambas funcionam independentemente, e o foco desse texto é no filme de 1988, que abriu as portas para a invasão da animação japonesa no resto do mundo. 

Ambientado na futurista e pós apocalíptica Neo-Tokyo de 2019, seguimos Kaneda, o líder de uma gangue de motoqueiros. Eles representam a juventude punk de um país afetado pelas sequelas da guerra, opressão do estado, tensão política e o aumento da violência, esse último conta com a contribuição de Kaneda e seus companheiros.

Anime Akira um dos mais relevantes para o cinema japones

Depois de um confronto entre gangues, Tetsuo, amigo de infância e parceiro no crime de Kaneda, encontra uma figura misteriosa e é capturado por agentes de um projeto secreto do governo. Tetsuo acorda com dores de cabeça e descobre possuir habilidades psíquicas, mas ele logo se mostra mentalmente instável, sendo assim considerado uma ameaça para todos. 

Akira costuma ser creditado como o filme responsável por popularizar a animação japonesa em outros países, fazendo enorme sucesso na crítica e bilheteria ao redor do mundo, sendo um dos lançamentos mais rentáveis do ano. Tirando o investimento na divulgação da obra, o que pode ter chamado a atenção de outros públicos é a representação da juventude através de personagens carismáticos, ao mesmo tempo discutindo sua alienação e temas como corrupção e a crescente insatisfação da sociedade com seu governo. Também há o diferencial de explorar um país ainda assombrado pelos horrores da bomba atômica, então é fácil sentir a angústia e paranóia no ar.

O filme é marcante até na maneira como foi animado, trazendo mais fotogramas por segundo do que o normal, o que hoje não é surpresa alguma, mas foi uma escolha que apenas contribuiu para o filme, detalhando melhor alguns elementos das cenas e criando uma fluidez no desenho como poucos já viram. As cores também tiveram um papel importante na obra, e algumas precisaram ser criadas já que boa parte da trama se passa de noite ou em ambientes escuros.

Animacao Akira foi um marco do cinema japones

A deterioração na relação entre Kaneda e Tetsuo é o cerne dramático da obra, que pode ficar um pouco confusa na apresentação de alguns elementos, principalmente pela já mencionada solução de adaptar apenas o primeiro e sexto volumes do mangá. Você pode assistir e aproveitar a trama principal sem problemas, isso porque o foco não deixa de ser o embate entre os dois amigos de infância, mas qualquer um interessado em estudar os aspectos mais metafóricos do longa, talvez precise visitar o material original antes. 

Influente até hoje, inspirando desde jogos como The King of Fighters (o personagem K9999 é uma clara homenagem à Tetsuo) até cantores como o rapper Kanye West, que chegou a reproduzir sequências do filme no vídeo da música Stronger, Akira é um marco da animação e do cinema japonês, uma jornada com bastante ação e sangue ao som de uma trilha marcante e uma cidade cyberpunk viva e colorida, e como todo bom punk, sem respeito algum pelas regras. 

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Watchmen | See How They Fly – S01E09

Uma das maiores surpresas do ano é Watchmen. E eu não digo isso por terem feito mais um derivado do quadrinho original de Alan Moore e Dave Gibbons, também não é por ser no formato de série para HBO, o que realmente surpreendeu o público é como a adaptação funcionou bem. Aproveitando os temas e os debates políticos do quadrinho (sim, quadrinho TEM QUE TER POLÍTICA, não existiria Watchmen sem isso), o criador da série, Damon Lindelof, seguiu o caminho da renúncia por uma versão completamente submissa ao material original, mas ainda assim respeitando a linguagem de Moore, sem idealizar seus personagens, mostrando como realmente poderia ser um cotidiano entre mascarados. 

No último episódio da temporada (até agora, não há confirmação de continuações), intitulado See How They Fly, temos um clímax satisfatório, em um episódio que consegue revelar as peças que faltavam e entregar uma conclusão impactante. Ainda que rápido demais e algumas subtramas tenham perdido um pouco de seu fôlego e outras ficaram um pouco previsíveis por conta da presença de Dr. Manhattan, valeu a pena a jornada, e Lindelof merece alguns elogios por conseguir talvez a única adaptação de Watchmen que traga algo original e realmente compreenda a abordagem de Moore ao universo dos super-heróis, ao invés de apenas tentar manter os direitos do quadrinho nas mãos da DC por mais alguns anos. 

Sem mais delongas, vamos para: 

Sob o Capuz: Referências e Teorias (SPOILERS)

  • Estamos em 1985, assistindo Adrian gravar seu discurso sobre o plano da lula gigante para o futuro presidente dos EUA, mas enquanto ele está distraído com as filmagens, uma faxineira, Bian, consegue invadir o seu escritório, descobrir a senha de seu computador e encontrar várias amostras de sêmen. Ele coleta uma das amostras e usa uma seringa para se inseminar.

    Podemos ver a senha do computador de Adrian, “Rameses II, a mesma que Rorschach e Dan descobrem nos quadrinhos enquanto vasculham entre os livros do homem mais inteligente do mundo. Durante as gravações, podemos ver mais de Karnak, a instalação de Adrian na antártica, e reconhecemos algumas imagens dos quadrinhos, como os relógios e a série de TVs conectadas no salão principal.

    Pulamos para 2008 e Lady Trieu bate na porta de Veidt, em Karnak. Mesmo relutante em receber visitas, Adrian a deixa entrar. Durante sua conversa, várias revelações são feitas, como a ideia da cabine telefônica ter vindo de uma piada de Veidt, ou de todos os recursos de Trieu, um deles sendo um satélite orbitando Europa, e finalmente descobrimos sua motivação. Ela não quer salvar o mundo da Kavalaria, mas sim roubar o poder de Manhattan para si, tentando corrigir tudo que há de errado no mundo. É claro que nem mesmo Adrian considera o plano megalomaníaco de Trieu uma boa ideia. Como se isso não fosse o suficiente, Trieu revela que ser a filha de Adrian. 
  • Estamos de volta ao cativeiro de Veidt, em Europa, e pelo visto as coisas estão indo de acordo com o plano quando uma cápsula espacial desce dos céus para levar Adrian de volta ao planeta Terra. Mas antes de ir, ele precisa enfrentar o descontentamento do Guarda, que atira em Adrian, mas é surpreendido ao ver que seu mestre conseguiu pegar a bala no ar. Nos quadrinhos, Ozymandias faz a mesma coisa, capturando a bala da arma de Laurie. 

    Com a derrota do Guarda, que (sem surpreender o público) também é um dos Sr. Phillips, Adrian segue para a cápsula e faz sua jornada de volta para casa. Temos um salto temporal e estamos no presente, e vemos que a estátua de Adrian na casa de Trieu era LITERALMENTE ele, só que preservado para o momento em que o Relógio do Milênio funcionasse. No meio disso tudo, Bian confirma para Trieu que sabia ser a sua mãe. Essa é uma cena rápida, que infelizmente merecia mais espaço e atenção para ser revelada com calma, o que entra como exemplo da crítica sobre o episódio ser rápido demais. 
  • Retornamos à Tulsa; Temos um rápido vislumbre do reformado teatro Dreamland, agora comandado por Will Reeves, o avô de Angela. Quando os carros de Trieu param na cidade, podemos ver a banca de jornal novamente, onde Bian sempre comprava de tudo para sua Trieu. Ozymandias conversa com o jornaleiro e fica indignado como parte da população já o esqueceu.

    Na conversa, Adrian confirma que “o fim está próximo”. Algo que Rorschach sempre carregava escrito em uma placa nos quadrinhos, enquanto andava pelas ruas sem seu uniforme.
  • É hora de checar como está o plano da Kavalaria. O grupo de supremacistas recebe visitas especiais, uma delas sendo John Keene, o pai do senador Joe, que entra no “evento” fazendo um sinal dos Ciclopes. Laurie assiste a reunião e escuta o discurso de Joe Keene sobre a “dura realidade dos brancos nos EUA”. Depois de obter sucesso capturando Manhattan, Keene tira sua roupa para entrar na câmara de teste, ficando apenas com uma cueca ridícula, bastante similar a utilizada por Manhattan nos quadrinhos.

    Além disso, finalmente tivemos o retorno de Looking Glass, infiltrado entre os membros da Kavalaria. E junto dele, entra Angela, que interrompe o processo tentando evitar um desastre, mas já é tarde demais e Lady Trieu está chegando.

Lady Trieu chega ao encontro da Kavalaria e consegue trazer seu Relógio do Milênio. Laurie reencontra Adrian, que a chama pelo nome original, Juspeczyk; Keene explode na câmara de teste depois de não ter feito todos os procedimentos corretamente. Trieu lê uma carta de Reeves para todos, deixando claro que foi ele quem entregou Manhattan para que ela pudesse, em troca, eliminar a Kavalaria.

Manhattan envia Looking Glass, Adrian e Laurie direto para Karnak, onde Adrian elabora um plano para deter Trieu usando sua chuva de lulas, dessa vez deixando-as congeladas, o que as torna mortais. Ainda assim, é tarde demais para salvar Manhattan, que teve todo seu poder drenado pela máquina de Trieu. Antes de ir, ele se despede de Angela e diz que a manteve ali para que ele não morresse sem ela ao seu lado.

Durante a cena, Manhattan diz estar sendo afetado pela jaula na qual foi capturado. Ele começa a falar coisas aparentemente aleatórias, mas são algumas falas retiradas diretamente do quadrinho. A primeira sobre “tudo que vemos dar estrelas são sua fotografia”, um dos pensamentos de Jon quando chega em Marte na HQ. Depois, ele menciona sobre baixar a temperatura e o nome Janey, que é uma referência ao nome Janey Slater, a namorada de Jon quando ele ainda era apenas um cientista, antes dos poderes de Manhattan.

  • Depois de sobreviver a chuva de lulas que destrói o Relógio do Milênio e enterra Lady Trieu em sua própria criação, Angela vai ao encontro de Will, que está cuidando das crianças dentro do teatro Dreamland. Os dois tem uma conversa franca e Will comenta como “você não pode se curar por trás de uma máscara. Feridas precisam de ar”.

    Quando a família sai do teatro, podemos ver que as letras remanescentes depois da chuva de lulas congeladas formam Dr. M, ou seja, Doutor Manhattan. 
  • Para terminar a história de Adrian, Laurie e Looking Glass, é revelado o paradeiro da Archie original, a nave pilotada por Coruja nos quadrinhos. Adrian a tirou da neve e manteve segura em Karnak. Ele chega a mencionar o sobrenome de Dan, Dreiberg, e menciona como a polícia usou o design original para criar as naves que vimos no começo da temporada. 
Watchmen
  • Chegando em casa, Angela coloca as crianças para dormir e oferece um quarto para Will. Ela limpa a bagunça deixada por Jon no episódio anterior, quando ele tenta cozinhar um omelete mas acaba quebrando alguns ovos. Isso faz com que Angela lembre de um diálogo entre os dois, do episódio A God Walks Into Abar, sobre uma possível transferência de poderes de Manhattan para outro organismo. Ela vai para a piscina, engole um dos ovos e tenta caminhar na água. A temporada acaba.

O que achou da temporada?

Parece que acertamos algumas coisas, mas será que isso é tudo? Além do desfecho ambíguo, alguns arcos dramáticos ficaram em aberto, e as várias menções ao Coruja podem ser mais do que apenas referências, talvez até um indício de possíveis tramas para uma segunda temporada. Mas vai saber.

No fim, Lindelof fez um ótimo trabalho em adaptar uma das maiores HQs da história, criando algo novo e envolvente. Vamos ver o que ele planeja em seguida, e se Watchmen retorna para mais um ano. É só lembrar que “nada acaba”

Até a próxima!

ps: Se você parou para ler o PeteyPedia depois do episódio, descobriu que a banda Nine Inch Nails (liderada por Trent Reznor, compositor da trilha de Watchmen) também existe no mundo da série. Mas ainda mais importante, já não precisa mais se preocupar com a identidade do Homem-Lubrificante. Era Petey mesmo.

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Watchmen | A God Walks Into Abar – S01E08

Em seu penúltimo episódio, Watchmen decide revelar grande parte de seus mistérios, mas acima de tudo, procura apresentar uma história de amor, por mais peculiar que seja. Depois dos eventos do episódio anterior, An Almost Religious Awe, assistimos a relação de Angela e Jon (Dr. Manhattan), ou Angela e Cal, alternando entre passado e futuro, por mais que esses conceitos sejam a mesma coisa para Manhattan, para entender melhor a dinâmica entre o casal e a importância dela. 

Em uma abordagem mais delicada, com a trilha melancólica de Trent Reznor e um roteiro com ótimos diálogos, A God Walks Into Abar é mais uma aula de narrativa que a série nos apresenta, e assim como fez em This Extraordinary Being, se aproveita da noção de tempo para criar uma montagem ágil, com transições inteligentes entre cenas e linhas temporais. 

Mesmo com a tarefa de um roteiro que amarra a maioria das pontas soltas da série, é um grande mérito desse episódio conseguir construir uma narrativa própria sobre a natureza dos relacionamentos e dedicar a maior parte de seu tempo em algo tão íntimo, o que destaca mais a boa escrita da série e não a limita a apenas grandes reviravoltas para manter o público curioso para a próxima semana. 

Além de todo o excelente trabalho em executar com sucesso uma trama desse tamanho, com tantos detalhes e informação, e de ter a responsabilidade de se manter fiel à proposta do que foi criado por Alan Moore nos quadrinhos, há um investimento visivelmente maior nos efeitos visuais e na direção desse episódio, com uma câmera mais arriscada e preocupada em entregar apenas pequenos elementos do que Manhattan pode interpretar, mas sem vergonha de expor alguns visuais impressionantes que eu não esperava em um episódio para a televisão, principalmente na sequência de “criação de mundo” em Europa. 

Agora, tenho algumas coisas que preciso mencionar, então vamos para:

Sob o Capuz: Referências e Teorias (SPOILERS)

  • Antes mesmo de mencionar todos os eventos do episódio, vale lembrar que quase todos os núcleos dramáticos são introduzidos com uma música que tenha a palavra “azul” no título, como Rhapsody in Blue, de Gershwin, que abre o episódio, ou Mr. Blue, da banda The Fleetwoods.

    E por falar nisso, a primeira referência está logo na exibição do título do episódio da semana, quando Dr. Manhattan surge na Terra durante um evento em comemoração ao Vietnam e o próprio Manhattan, então ele entra em um bar com o nome “Mr. Eddy’s Bar”, que pode ser uma referência direta ao Comediante, Edward Blake, que é chamado de Mr. Eddy por uma jovem vietcongue que ele engravidou. Os dois brigam e ela acaba cortando o rosto dele, o que termina tragicamente com a jovem sendo assassinada com um tiro da arma do “herói”. Toda a sequência acontece em um bar, durante um evento similar ao que estamos vendo na série.

    Nos quadrinhos, a história de origem de Jon Osterman, Dr. Manhattan, é contada em detalhes e através de uma narrativa não linear, na quarta edição. É nela que encontramos a maioria das referências que esse episódio usou, e encontramos mais uma logo nos primeiros minutos, quando Manhattan pega duas cervejas no balcão do bar e leva para Angela, que está sentada sozinha lembrando a data da morte de seus pais. Ele provavelmente aborda ela dessa maneira porque foi assim que sua primeira namorada, Janey Slater, o conquistou: comprando uma cerveja. 
  • Durante sua conversa com Angela, Jon explica o que fez durante os anos que passou fora da Terra depois dos eventos do quadrinho, e através de um excelente trabalho de efeitos visuais, temos a explicação, assistimos Jon criar vida em Europa, uma das luas de Júpiter. Podemos ver o surgimento de vegetação e da água, na qual o personagem caminha, e os primeiros indícios de vida humana, inspiradas na imagem de um casal que Jon presenciou tentando fazer sexo, quando ainda era uma criança imigrante. Esse casal virou o molde para o Sr. Phillips e a Sra. Crookshanks, que de algum jeito acabam ficando com Adrian.

    Também descobrimos porque a mansão em Europa pode ser vista também na casa de Angela, e isso é porque essa foi a mesma moradia na qual Jon cresceu. 

    Voltando ao passado, o garoto observa enquanto seu pai conserta um relógio, e assim entendemos ainda melhor o título da peça de Adrian, “O Filho do Relojoeiro”. Na HQ podemos ver mais da relação entre os dois, e como a bomba atômica em Hiroshima influenciou o futuro de Jon. Com o ataque ao Japão, o pai de Jon decide que ser um relojoeiro é a profissão do passado, enquanto o futuro está no estudo da ciência atômica, e assim Jon acaba se formando com um Phd em física atômica, o que rende uma vaga nos laboratórios de Gila Flats, uma instalação para testes de partícula atômica, localizado em Arizona.

    Depois de ser pego observando Sr. Phillips e a Sra. Crookshanks na cama, Jon é chamado pelos dois para uma conversa, mas o casal é gentil e revela que está apenas tentando ter um filho. Eles entregam uma bíblia para Jon, e as ilustrações no interior são feitas pelo próprio Dave Gibbons, desenhista do quadrinho original. É óbvio que Alan Moore não participaria da produção da série (anos se dando mal nas mãos da DC Comics podem traumatizar qualquer um), mas Gibbons não vê problema nisso. 
  • Voltamos ao presente, e Jon continua conversando com Angela. Ele narra a primeira grande briga entre os dois, onde ela questiona a humanidade do personagem, e ele diz que a última vez que sentiu medo foi em 1959, durante o experimento em Gila Flats no qual ficou preso em uma câmera de campo intrínseco, o que deu origem ao Dr. Manhattan.

    Depois da briga, Manhattan vai até a Antártida, onde fica localizado o quartel general de Ozymandias, chamado Karnak, inspirado nos templos dedicados aos deuses egípcios. Podemos ver no interior os escombros e o que sobrou dos eventos do quadrinho, onde Adrian matou a equipe de pesquisa que o ajudou em seu plano final nas HQs, e tentou matar Jon, sem sucesso. Adrian ainda está lá, assistindo em suas telas como o mundo tem sido afetado pela sua paz mundial orquestrada. Os dois ex-Watchmen conversam e lembram dos eventos finais do quadrinho, repetindo alguns diálogos, como Manhattan dizendo o quão decepcionado está com Adrian. Também é revelado nessa cena que o próprio Adrian é responsável pelas chuvas de lula, que em suas palavras serve para “manter a paz”. 
  • Para manter sua relação com Angela, Jon decide algo drástico e aceita um plano de Adrian para que suas memórias sejam afetadas ao ponto dele esquecer que seja o Dr. Manhattan. Isso o fará o mais mortal possível. Durante o diálogo, Jon pergunta quanto tempo demoraria para criar um dispositivo capaz disso, e Adrian responde dizendo que já o fez, há trinta anos, explicando que tentar destruí-lo era o plano B. Essa é mais uma ligação com uma fala do personagem nos quadrinhos, quando Adrian revela que seu ataque com a lula gigante não vai acontecer, mas já aconteceu, há 35 minutos.

    Ainda na conversa entre os dois, dando uma olhada na mesa de Adrian podemos ver um dos bonecos da linha de brinquedos que Veidt produziu durante os eventos da HQ.

    Assim, os dois terminam sua interação quando Adrian oferece o dispositivo para Jon, mas não antes de perguntar sobre sua utopia e a chance dela ser real. Jon diz que é real, mas não na Terra, então manda Ozymandias para Europa, onde pode comandar pessoas mais inocentes e capazes de manter o paraíso, mas é claro que para Adrian isso não é o suficiente. 
  • De volta ao bar, Jon tenta provar para Angela que consegue criar vida fazendo um ovo surgir em suas mãos. Esse é mais um indício do tema geral da série, que usa constantemente imagens de ovos para fazer uma alusão ao dilema da galinha e do ovo e qual dos dois veio primeiro. É tudo um grande paradoxo, o que mais tarde no episódio acaba sendo uma informação essencial. 

    Assim, finalmente continuamos de onde o episódio anterior parou, com a consciência de Jon voltando aos poucos. Ele está confuso e caminha pela casa de Angela, então começa a falar sobre o que deve ser feito, mas sem entregar todos os detalhes, já que sabe o que acontece em seguida.

    Jon pergunta sobre um relógio quebrado e descobrimos como Angela sobreviveu ao ataque da Kavalaria no passado, graças aos poderes de Manhattan, que a salvou por instinto. Mas o mais estranho da conversa entre os dois é quando Jon fica parado no meio da piscina e diz que ficar ali por alguns instantes é “importante para depois”. Essa é a única indicação forte de que talvez ele tenha sobrevivido ao ataque que está por vir.
  • Angela aproveita a presença de Jon e sua habilidade de estar em todos os momentos de sua vida simultaneamente, então pede para perguntar ao seu avô, Will, como ele sabia sobre Judd Crawford ser um membro dos Ciclopes e o uniforme da Klu Klux Klan em seu armário. Um Will do passado não faz ideia de quem Judd Crawford seja. Assim entendemos que Angela é a responsável por tudo e acabou de criar um paradoxo temporal, repetindo a temática da “galinha e do ovo”. Esse tema também pode ser encontrado nos quadrinhos, já que Alan Moore é fascinado por narrativas envolvendo simetrias, tanto que um dos capítulos de Watchmen se chama “Terrível Simetria”.

    Os dois não tem tempo para discutir isso porque Jon diz para Angela que a Kavalaria está em sua porta, esperando para destruir Manhattan, e ele não pode impedir. Isso faz com que Angela corra para defendê-lo, e esse é o momento em que ele percebe que a ama.

    Angela vai em direção aos membros da Kavalaria e quase perde a luta, mas Jon decide ajudá-la e é capturado pela arma que o teleporta para o esconderijo da Kavalaria. Voltamos ao bar, e Angela termina a noite aceitando o convite de Jon para um jantar. 
  • E como se já não houvessem muitas revelações neste episódio, temos uma cena pós crédito envolvendo Adrian, que está sofrendo sua punição: ter tomates esmagados em seu rosto até que mude de ideia e decida ficar naquele paraíso com os clones. Em sua cela, lê o livro Fogdancing, escrito por Max Shea, um personagem da HQ que também é responsável por várias edições do quadrinho Cargueiro Negro. Adrian é o responsável pela morte de Shea.

    Para terminar de vez o episódio, Adrian recebe a visita do Guarda Phillips, que o entrega mais um bolo de aniversário, mas dessa vez com a ferradura que tanto esperava, por algum motivo. Assim, ele começa a gargalhar e riscar a ferradura no chão. Ou ele vai usar isso para fugir ou talvez seja apenas a deixa para algo que está por vir, já que ao longo da série pudemos ver que Adrian sempre reagir ao receber a ferradura com um “Não está na hora”. Então, será que agora é a hora?

Falta apenas um episódio, mas talvez o teaser da próxima semana tenha confirmado que haverá uma segunda temporada, isso porque podemos ler “Season Finale” ao invés de “Series Finale”, o que confirma que essa não era apenas uma minissérie, mas uma primeira temporada. Por enquanto, vou me manter otimista, mas preferia que fosse apenas uma história contida.

Ainda precisamos saber mais sobre Will, que ficou com as crianças enquanto Angela ia ao encontro da Kavalaria; também não sabemos o verdadeiro propósito do Relógio do Milênio; e será que Dan vai surgir nos minutos finais?

O tempo está acabando, tic toc.

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Watchmen | An Almost Religious Awe – S01E07

Chegando mais próximo de sua conclusão, a primeira temporada de Watchmen vem mostrando como é capaz de mesclar o material original de Alan Moore com seus derivados pela DC Comics e o longa de Zack Snyder, mas criando algo novo e impactante. Em An Almost Religious Awe, sétimo episódio da temporada, Angela ainda lida com seu passado, enquanto a investigação de Laurie fica mais arriscada e Adrian Veidt prepara sua defesa. 

As alternâncias entre passado e presente continuam importantes, e se formos considerar as revelações desse episódio, a noção de tempo talvez seja o detalhe que devemos prestar mais atenção. Mas antes de irmos para as teorias e referência, preciso mencionar algumas informações relevantes listadas no PeteyPedia (o site onde o agente Petey cataloga suas evidências). 

A primeira informação é um indício forte da revelação final do episódio: em um arquivo secreto sobre a origem de Sister Night, Petey menciona filmes famosos por parodiar ou homenagear a cultura de super-heróis, e um deles se chama O Superman Negro, uma paródia de Dr. Manhattan. No relatório, também é mencionado um crítico chamado Mr. Ebert, uma referência ao famoso crítico cinematográfico Roger Ebert, que morreu em 2013 mas mantém um legado através de seu site.

Petey termina seu texto dizendo que Will Reeves comprou o cinema onde esteve quando o ataque de Tulsa tomou conta, e vem passando o filme Sister Night desde 2017, quando Angela começou a usar a máscara. Ele menciona o termo “milagre termodinâmico”, algo que Jon dizia nos quadrinhos, mas na série ele provavelmente ouviu de Laurie durante a viagem de carro que fizeram até o Relógio do Milênio alguns episódios atrás. 

O segundo documento, ainda mais estranho, é um relatório médico de 2009, no nome de Calvin Jelani, o marido de Angela. No preenchimento do relatório, podemos ver que Cal apenas conheceu seu pai, que de acordo com ele morreu de um ataque cardíaco e tinha alzheimer, mas quanto à mãe e os avós, nada sabe. Ele também não tem filhos ou irmãos. 

Mas fica mais curioso quando lemos a descrição do médico sobre o estado de Cal, escrevendo que ele foi encontrado por Angela visivelmente confuso, com uma pequena contusão na testa (não mais visível), e agora apresenta lapsos de memória e sintomas de transtorno dissociativo e perda de identidade. Nas anotações finais, diz que o paciente é passivo e quieto, e gostou muito de um boneco de Dr. Manhattan que estava na sala de consulta. 

Se você terminou esse episódio na dúvida, o PeteyPedia com certeza deixou as coisas mais claras. Então, vamos para…

Sob o Capuz: Referências e Teorias (SPOILERS)

  • O episódio abre com um documentário sobre a origem de Jon Osterman, que viria a se tornar Dr. Manhattan, e seu envolvimento na guerra do Vietnam. É revelada uma imagem de Jon quando criança, além da calçada onde a loja de seu pai ficava, além de seu impacto cultural, criando a bateria de lítio capaz de manter a energia renovável que Veidt tanto almejava. É logo em seguida que temos o primeiro vislumbre de Manhattan atuando na guerra.

    A câmera se distancia do documentário, revelando uma locadora em Saigon, onde uma jovem Angela Abar tenta comprar um filme da onda blaxploitation chamado Sister Night, o que deixa clara a principal inspiração da personagem para seu alter ego fantasiado. Entre os filmes da locadora também temos uma adaptação do livro Fogdancing, escrito por Max Shea, um personagem da HQ que também é responsável por escrever várias edições do quadrinho Cargueiro Negro.

    Nas ruas de Saigon, Angela caminha ao som de Living in America, de James Brown, entre as pessoas fantasiadas de Manhattan durante uma comemoração do “herói”, e fica assistindo uma pequena apresentação envolvendo um fantoche do cientista azul. Essa imagem faz referência a um diálogo nos quadrinhos entre Jon e Laurie, onde ele comenta como todos somos fantoches, mas ele consegue ver suas cordas. Isso também pode ser uma alusão visual à capa da oitava edição do quadrinho The Doomsday Clock, a mais recente tentativa da DC em inserir Watchmen no seu universo padrão. 
  • Voltamos ao presente, onde Angela continua seu tratamento para tirar os resíduos de Nostalgia da sua corrente sanguínea e de seu cérebro. Lady Trieu e ela conversam bastante sobre o verdadeiro propósito do Relógio do Milênio, o que descobrimos no fim do episódio. Mas o que eu quero ressaltar aqui é uma outra referência aos quadrinhos, mais voltada para sua iconografia, com a personagem Bian fazendo um teste de empatia com Angela usando cartões, o que é bem similar ao tratamento de Rorschach pelo Dr. Malcolm Long na HQ. Na cena, Angela lembra quando começou a sonhar em trabalhar na polícia.

    Nesse ínterim, Pirate Jenny e Red Scare ficam de tocaia esperando por Angela, enquanto Cal tenta visitá-la, mas é barrado na entrada. Cortamos para Petey, que investiga o bunker de Looking Glass e encontra o grupo da Kavalaria que tentou pegá-lo de surpresa, mas não contavam com a inteligência do personagem. Além disso, Laurie visita a Sra. Crawford e acaba capturada pela Kavalaria. 
Watchmen
  • Agora, para o “365º dia em julgamento do Povo contra Adrian Veidt”. Adrian espera pelo Guarda, que agora atua como o juiz de seu caso. A Madame Promotora é, obviamente, uma das várias Sra. Crookshanks, e através de sua apresentação para o júri, o público que não tem afinidade com os quadrinhos pode descobrir ainda mais informações sobre o plano de Veidt que causou o clímax da HQ, envolvendo a lula gigante e o assassinato de milhões de pessoas.

    Quando o juiz percebe que os clones presentes não podem julgar Adrian por seus atos, pede para que tragam uma vara de porcos para definir o destino do acusado, que é declarado culpado. A cena é bizarra, como todas envolvendo o personagem, e parece ter saído direto do filme Chinatown, onde um pastor invade um tribunal com suas ovelhas (essa provavelmente não é uma referência, mas lembrei na hora). O mais curioso da cena, na verdade, é que Adrian parece realmente decepcionado pelo resultado do julgamento, o que é estranho considerando como ele parecia ter tudo ensaiado e sob controle o tempo inteiro. 
  • Angela procura por seu avô, mas acaba encontrando o que não deveria, mas parece estar cada vez mais perto da verdade. Descobrimos o destino de Laurie, que vai parar no esconderijo da Kavalaria. Lá, o senador Keene começa seu discurso sobre uma América cada vez mais “distante de suas origens” e como “é extremamente difícil ser um homem branco na América agora” ¬¬’. Laurie revira os olhos para os comentários idiotas do senador, mas não deixa de ficar preocupada com o verdadeiro plano da Kavalaria: capturar Dr Manhattan e transformar os membros supremacistas em novos “deuses”, assim como Jon
  • Mais uma volta ao passado, dessa vez temos o retorno de June, a ex-esposa de Will e avó de Angela. Assistimos June tirando Angela do orfanato e prometendo uma vida diferente para a criança, mas para continuar a onda de desgraça na vida da personagem, a idosa colapsa no meio da rua assim que pede um táxi para levar a menina para casa.

    Angela se desconecta dos cabos que Lady Trieu estava usando para drenar a Nostalgia de Angela e colocar em um elefante (?). Essa cena é indicada no começo do episódio, quando entre os filmes da locadora em Saigon, há uma fita de um desenho animado chamado Trunky, sobre um bebê elefante. Agora não lembro de elefantes nos quadrinhos, a não ser que você considere a logo do restaurante de comida indiana Gunga Dinner, que é basicamente um elefante rosa. Rorschach vivia comendo lá.

    Investigando o Relógio do Milênio, Angela encontra uma sala escura onde Lady Trieu guarda todas as gravações de todas as caixas telefônicas que espalhou pelo mundo para que as pessoas pudessem mandar suas orações para o Dr. Manhattan. Além da referência visual aos quadrinhos, no qual Adrian e Manhattan conversam separados por um globo, a conversa entre Trieu e Angela traz a maior revelação da temporada, de que Jon está entre nós, caminhando em Tulsa. Isso não parece impressionar Angela, que vai embora. 
  • Chegando em casa, Angela conversa com Cal, e temos a reviravolta de que seu marido era esse tempo todo o próprio Dr. Manhattan, ou um representação dele, já que nos quadrinhos o personagem diz que no futuro pretende criar novas formas de vida. Angela acerta a cabeça de Cal com um martelo e retira de lá um pequeno símbolo de hidrogênio, o mesmo que Manhattan carrega desenhado em sua testa.

    Enquanto assistia, imaginei que Cal fosse apenas uma pessoa criada por Manhattan e que Angela estivesse falando com ele através do marido, mas se observarmos com atenção, no reflexo do olhar de Angela, podemos ver a silhueta de Cal, agora brilhando com uma forte luz azul, se levantando do chão lentamente, confirmando que ele é na verdade o próprio cientista. 

Você esperava por essa reviravolta?
Em retrospecto, agora faz ainda mais sentido não termos revelações sobre o tal “acidente” de Cal, ou porque o casal não teve filhos biológicos, e coloca bastante sentido na cena em que Laurie comenta para Angela sobre uma visita que fez a sua casa e achou Cal “interessante”. Parece que a série foi mais esperta do que eu imaginei (coloquei todas as minhas fichas no garoto Topher, que estava literalmente fazendo uma construção igual a do Manhattan em um episódio), e estou adorando o caminho que ela está tomando.

Semana que vem tem mais. Faltam apenas dois episódios.
Nos vemos em breve.
Tic. Toc. Tic. Toc.

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Watchmen | This Extraordinary Being – S01E06

Se Little Fear of Lightning impressionou o público com uma abordagem mais íntima do cotidiano de Looking Glass, This Extraordinary Being volta ao passado para mostrar as origens do avô de Angela, Will Reeves. Dirigido por Stephen Williams, o mesmo de She Was Killed by Space Junk, o episódio dessa semana prova que Watchmen tem mais ambição do que ser apenas uma continuação da obra original de Alan Moore, criando uma narrativa que se aproveita dos temas do quadrinho mas cria algo completamente novo, ainda mais político do que antes (e não se engane, se acha que quadrinhos e política não se misturam, preciso dizer que você nunca leu um quadrinho).

Com uma montagem e direção impressionantes, esse episódio alterna entre o colorido e o preto e branco com a intenção de criar um ritmo mais dinâmico, inserindo elementos que não fazem parte do período em cena. É engraçado ver como nos primeiros minutos temos mais um momento inspirado em Zack Snyder para exibir um trecho da série American Hero Story, e como ao longo do episódio são usadas técnicas comuns do diretor, como a câmera lenta e agitada durante as sequências de ação, mas com o diferencial de que aqui Stephen Williams utiliza a técnica com propósito narrativo, congelando a cena para criar uma interação dramática entre Angela e seu marido, mas ao mesmo tempo, Angela e Will. O uso de plano sequência e transições através de portas e janelas são algumas das decisões que fizeram esse episódio tão bom.

This Extraordinary Being deixa de lado todas as tramas paralelas e se dedica a jornada de Will, um policial negro atuando em um EUA tomado pela tensão racial. A série tem abordado o tema de legado constantemente, e aqui podemos ver como as ações de uma pessoa podem influenciar e começar uma reação em cadeia difícil de ignorar, e é por isso que a série tem dado tanto destaque para a maquiagem no rosto de Angela, um paralelo com o que seu avô fez décadas atrás. São pequenos detalhes como esse que deixam Watchmen mais envolvente. Mas vamos falar mais disso nas teorias e referências. 

Sob o Capuz: Referências e Teorias (SPOILERS)

  • A primeira referência que merece ser mencionada é a própria logo da série, que através da fumaça de um cigarro vai de Watchmen para Minutemen, o primeiro grupo de heróis formados nos quadrinhos. Depois disso, temos Justiça Encapuzada sendo interrogado por dois agentes, abordando seu envolvimento com Nelson Gardner, o Capitão Metrópole. É claro que estamos assistindo um trecho da série American Hero Story, porque logo em seguida, Justiça Encapuzada dá um salto por cima da mesa e espanca os agentes. 
  • Voltamos para Angela, que está em uma cela, alucinando por conta das pílulas de Nostalgia que tomou no episódio anterior. Ela entra em coma e começa a reviver o passado de seu avô, Will. Primeiro, temos um jovem Will, interpretado por Jovan Adepo, recebendo seu distintivo da polícia, junto de um alerta misterioso para tomar cuidado com os “Ciclopes”. Mais tarde, Will janta com June (Danielle Deadwyler), e conversam sobre seus traumas passados, e como ele ainda não abandonou sua raiva, o que pode influenciar negativamente seu trabalho na força. Mesmo negando, Will continua tendo pequenos choques de realidade, confundindo passado e presente. 
  • Durante uma de suas patrulhas noturnas, Will passa em uma banca e vê as notícias de que os nazistas estão avançando para o oeste. Continuando sua caminhada, se depara com um homem (interpretado por Glenn Fleshler), visivelmente bêbado, ateando fogo em um estabelecimento comandado por uma família judaica. Will o confronta, descobre que o nome do homem é Fred, mas não parece nem um pouco preocupado em ser levado para a delegacia. E é lá que vê pela primeira vez um dos oficiais fazendo um sinal acima da testa, representando o olho do ciclope. 
  • De volta às ruas, Will vê um homem lendo a primeira edição de Action Comics, o quadrinho que deu origem ao Superman. Esse é um detalhe curioso já que, assim que os heróis como Minutemen e Watchmen surgem naquele mundo, o interesse do público em ficção com super heróis cai, por isso uma das HQs mais vendidas é uma aventura envolvendo piratas. Isso é o contrário do que aconteceu em nossa realidade, já que o primórdio dos quadrinhos foi composto por piratas e criaturas, mas isso foi abandonado por homens em colã e cueca por cima da calça. 
Watchmen
  • Mais tarde, Will é abordado pelo mesmo grupo de policiais que acabou liberando Fred. Eles espancam Will, além de cobrir seu rosto e tentar enforcá-lo, mas liberam ele com um aviso de que não deve mais se envolver com seus assuntos. Machucado, e cheio de raiva, Will caminha pela noite com uma corda em seu pescoço, até escutar um casal gritando por ajuda. O jovem policial cobre seu rosto e parte para cima dos criminosos, começando assim suas atividades como vigilante, confirmando que ele era esse tempo todo o Justiça Encapuzada.
  • Chegando em casa, Will e June conversam sobre o filme que o inspirou a se tornar um policial, Trust in the Law, o mesmo que assistiu durante os protestos em Tulsa quando criança, no primeiro episódio. Os dois conversam sobre a possibilidade de Will ser um vigilante, então decidem esconder sua identidade pintando o rosto para que não entregue sua cor. 
  • Em sua primeira patrulha como Justiça Encapuzada, Will encontra um dos esconderijos dos ciclopes, além de um livro que estiveram usando sobre Mesmerismo, uma forma de hipnotismo, mas desenvolvida por Franz Mesmer e com aplicações reais para colocar as pessoas em um estado de transe. Na série, isso é usado pelo KKK contra a comunidade negra, e mais tarde, por Will.
Watchmen
  • E Capitão Metrópole faz sua primeira aparição. Em seus trajes civis, como Nelson Gardner, visita a casa de Will e tenta recrutá-lo para os Minutemen. Não demora para também vermos a relação mais íntima dos dois, conversando na cama sobre os futuros projetos do grupo de heróis. Ao voltar para casa, Will descobre que June está grávida e é confirmado que ela era o bebê do primeiro episódio. 
  • No primeiro encontro de Justiça Encapuzada com os Minutemen, Will tem a triste surpresa de notar como o grupo está mais interessado em aparências e publicidade, ao invés de realmente combater o crime, e um cartaz do Dollar Bill capturando um homem negro em defesa do Banco Nacional não ajudou a situação. O mais estranho nessa sequência é como Capitão Metrópole parece mais confiante do que sua versão nos quadrinhos, porque mesmo sendo o líder do grupo, sempre teve mais interesse em salvar as pessoas, tanto que foi isso que o deprimiu durante os encontros com os Watchmen. 

    É nessa cena que Metrópole menciona pela segunda vez o nome do vilão Moloch, um dos arque-inimigos do Comediante. Na HQ, Rorschach visita Moloch, agora aposentado e respondendo por seu nome civil, Edgar Jacobi. Ele acaba sendo uma das vítimas do plano de Veidt.
  • Voltando ao seu trabalho de policial, Will entra em um cinema onde um grupo de negros foi atacado violentamente por seus próprios companheiros. Will acha isso estranho e investiga o caso, descobrindo que os ciclopes estão usando projetores de filme para induzir mensagens de violência contra a comunidade negra através do mesmerismo. Isso o deixa irado e faz com que decida fazer justiça com as próprias mãos, então vai ao armazém dos ciclopes, atira em cada um deles e queima o local. 
  • Anos se passam e confirmamos mais uma teoria com Will usando sua lanterna (e a técnica do mesmerismo) para convencer Judd Crawford a se enforcar. As memórias e o pesadelo de Angela termina quando acorda ao lado de Lady Trieu, no que parece ser o Relógio do Milênio.

Esse foi um episódio mais contido, mas ainda assim revelou MUITA coisa que ainda estava em aberto na série. Vamos ver se semana que vem, com o julgamento de Veidt, descobrimos ainda mais.

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Watchmen | Little Fear of Lightning – S01E05

Um episódio impactante: finalmente tivemos a revelação da grande conspiração que todos mencionam (ou é o que querem que pensemos), e seguimos a rotina de Looking Glass, com sua história de origem e mais sobre suas motivações, o grupo de apoio e até vida romântica. Dirigido por Steph Green, a diretora responsável por episódios de The Americans e O Homem do Castelo Alto, Little Fear of Lightning é o episódio mais tenso até agora, revelando muito mais informação do que esperávamos, ainda assim criando novos mistérios.

O título do episódio vem de uma citação do autor Jules Verne, na qual ele diz que “Se não houvesse o trovão, os homens teriam pouco medo do relâmpago”. Essa afirmação está ligada diretamente aos temas desse episódio, com Looking Glass revelando que ainda é paranóico sobre a chuva de lula e mostrando como a maior arma de Adrian, o medo, venceu a humanidade e será utilizada mais uma vez para que uma possível utopia seja alcançada. 

Mas aconteceu tanta coisa que eu vou pular direto para…

Sob o Capuz: Referências e Teorias (SPOILERS)

Watchmen
  • Começamos na cidade de Hoboken em 1985, o dia em que a lula mutante de Adrian Veidt caiu dos céus e causou pânico e destruição por quilômetros, causando assim uma “trégua” entre EUA e Rússia durante a guerra fria. Assistimos um ônibus parar em frente a um parque de diversões, quando um grupo de testemunhas de Jeová desce com o propósito de espalhar a palavra de Deus para todos os “pecadores”.

    Um dos membros da caravana é um jovem Wade Tillman, o Looking Glass, que parece questionar sua presença ali, até que ser convidado por uma menina para o salão de espelhos e promete sexo para o jovem. É claro que tudo foi uma pegadinha e ela foge com as roupas de Wade, o que o traumatiza, mas alguns segundos depois algo ainda mais traumatizante acontece: a lula mutante gigante de Adrian. Assim temos a história de origem de Looking Glass e da paranoia de Wade, o protagonista desse episódio.

    Enquanto Wade caminha pelo parque, podemos ver várias referências aos quadrinhos, como a revista sobre fisiculturismo de Adrian Veidt, a Veidt Metod, o pôster da banda Pale Horse, e alguns de seus fãs, os Knot Tops, uma gangue que serve como os skinheads do universo de Alan Moore. Mais tarde no episódio, também descobrimos que Steven Spielberg lançou um filme chamado Pale Horse que, de acordo com a descrição de um dos personagens sobre uma menina usando roupas vermelhas em um filme inteiramente preto e branco, aparentemente serve como o Lista de Schindler daquela realidade.

    No fim da cena, quando Wade já está nu em meio aos destroços, a câmera se distancia e revela a lula gigante que Adrian teleportou até Nova York. 
  • Voltamos para o presente, no meio de um comercial que serve para convidar as pessoas de volta para Nova York, mostrando que o terror espacial não faz mais parte do cotidiano. Entre um dos motivos para visitar a cidade, temos uma breve imagem de um casal saindo de uma peça da Broadway sobre o físico Oppenheimer, diretor do Projeto Manhattan, responsável pela bomba atômica durante a Segunda Guerra Mundial. Os cartazes dizem ser um sucesso tremendo, talvez a biografia de Oppenheimer seja o Hamilton daquele mundo.

    Logo é revelado que o comercial está sendo assistido por um grupo de foco, uma daquelas técnicas de marketing onde um bando de cidadãos comuns são convidados aleatoriamente para opinar sobre um produto ou serviço. Atrás do vidro, observando todos, está Wade, que trabalha como consultor para as empresas, utilizando suas habilidades para detectar mentiras para dizer o que o público realmente achou dos produtos. 
  • Voltamos para a delegacia, onde Laurie faz uma conferência com os oficiais e diz que todos estão procurando pelo ângulo errado, focando em descobrir quem são os membros da Kavalaria, ao invés de onde se escondem. Na sequência, temos o retorno do alface que serve de evidência desde o assassinato do policial negro no primeiro episódio. Red Scare usou um pouco do vegetal para seu sanduíche, o que rendeu uma bronca de Looking Glass.

    Continuando a rotina de Wade, o personagem chega em casa, senta em seu sofá e come feijão enlatado (assim como Rorschach) enquanto assiste um episódio de American Hero Story, desta vez representando um dos rumores mais comuns sobre o Justiça Encapuzada, de que ele era gay e estava tendo um relacionamento com outro membro dos Minutemen.

    No bunker de Wade podemos ver um diploma para um curso chamado “Ciência de Lulas Extraterrestres”, e depois ele liga para uma companhia reclamando sobre sua “unidade de segurança”, um tipo de alerta para possíveis manifestações alienígenas. No fim da ligação, Wade confirma o pedido de mais um rolo de “reflectatina” (o material que serve para fazer sua máscara). O atendente agradece e diz trabalhar para o Sistema de Segurança Extradimensional, um dos vários serviços que surgiram por conta da paranoia coletiva envolvendo o ataque de 1985.
  • No dia seguinte, Wade vai até a empresa Forever Pets, onde cientistas pegam o DNA do seu animal de estimação favorito e cria uma réplica perfeita. Wade vai ao balcão e pede para falar com Cynthia Tillman, mas esquece que não está mais casado com ela e corrige para Cynthia Bennet. Ela confirma ter analisado as pílulas que Will deixou para Angela, elas são chamadas Nostalgia, uma cápsula capaz de induzir memórias, mas foi proibida por causar psicose. Nos quadrinhos, Nostalgia é mais um dos produtos da vasta linha de cosméticos de Adrian Veidt e sua companhia.

    No mesmo dia, Wade se encontra com seu grupo de apoio e conhece Renee. Os dois vão para um bar, mas na hora de ir embora, Renee pega carona com um amigo em uma picape. Quando o veículo vai embora, deixa cair um alface. Wade segue os dois e encontra o esconderijo da Kavalaria, mas tudo foi um plano para trazê-lo até eles e revelar uma grande conspiração. No esconderijo, Wade encontra a igreja, uma máquina capaz de abrir portais e até o senador Keene.

    Keene conta para Wade que vem tentando guiar a Kavalaria para manter a paz entre eles e a polícia, mas há algo mais misterioso acontecendo, então deixa um controle remoto nas mãos de Wade e oferece uma resposta definitiva sobre o ataque de 1985 através de um vídeo gravado pelo próprio Adrian Veidt confirmando seu plano para uma paz mundial forçada. Keene também confirma que estão usando uma Janela Teletransportadora CX924, a mesma usada nos eventos do clímax da HQ, então faz um trato com Wade, pedindo para que ele arranje uma maneira de afastar Angela do caso, senão ela e sua família inteira será assassinada. 
  • Assim, visitamos Adrian mais uma vez em sua “prisão”, agora completamente vestido com a armadura que estava construindo esse tempo todo. Ele fica pronto e é catapultado para o céu, revelando que realmente estava em algum tipo de redoma bem próxima do que parece ser a lua. Lá, Adrian utiliza os restos mortais de seus antigos assistentes e forma uma mensagem: “Salve-me, D”. Quem é D? Não sei, mas pode ser Dr. Manhattan ou até mesmo a Trieu.

    Adrian comemora dizendo “I did it!”, uma referência visual aos quadrinhos, quando festeja sua vitória. Mas a comemoração é interrompida quando ele é puxado de volta pelo Guarda-Florestal, que o alerta que não pode mais perdoar as ações de seu Mestre. Isso implica que Adrian pode não voltar tão rápido quanto imaginávamos. 
  • Retornamos para Wade ao som de Careless Whisper, do cantor George Michael. A música toca três vezes ao longo do episódio, cada uma delas com harmonia diferente e representando um ponto importante na vida do personagem. Na delegacia, escuta Red Scare e Panda debatendo sobre os poderes de Manhattan e Justiça Encapuzada, então um deles menciona a possibilidade de Manhattan em viajar no tempo. Seria isso um foreshadowing?

    Na conclusão do episódio, assistimos Wade entregar os segredos de Angela para Laurie através de um cacto que a agente do FBI usa como escuta (“Não é pessoal. Eu sou do FBI, colocamos escutas em qualquer coisa”), e Angela não reage bem, o que faz com que pegue as pílulas de Will e vire o frasco inteiro em sua boca, engolindo várias delas – de acordo com o teaser do próximo episódio, ela não vai gostar do resultado.

    Will volta para casa, triste por ter entregado sua amiga, e recebe o pacote que pediu do Sistema de Segurança Extradimensional. Ele pensa em jogar fora, mas desiste, então entra em casa, sem notar que um grupo de membros da Kavalaria acabou de segui-lo. 
Watchmen as pílulas de Will

O que achou do episódio?
As coisas estão ficando ainda mais loucas, então vamos ver se no fim tudo faz sentido ou se Lindelof estava apenas brincando conosco.

Até a próxima semana.
Vida longa e próspera!

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Watchmen | If You Don´t Like My Story, Write Your Own – S01E04

Mais uma semana de Watchmen e mais reviravoltas. Finalmente conhecemos Lady Trieu, interpretada com uma mistura de arrogância e impaciência por Hong Chau, e as coisas parecem ficar cada vez mais difíceis para Angela e Laurie. Esse episódio foi dirigido por Andrij Parekh, mais conhecido por seu trabalho como diretor de arte em filmes como Blue Valentine (2010). Sua bagagem cuidando da fotografia contribuiu muito bem para o episódio, principalmente quando cria transições dinâmicas entre as cenas, como faz com uma máquina de waffles dar lugar ao portão de Looking Glass, ou criando a passagem de tempo através do porta-malas de Angela.

Há também alguns elementos recorrentes que podem ficar bastante óbvios, como os ovos em destaque, mas isso provavelmente está mais ligado ao tema geral de legado que esse episódio carrega, falando sobre genética com os bebês de Adrian (chego nessa loucura em breve), ancestralidade com Angela ou no discurso de Trieu, que menciona diretamente o que estou falando. Em um dos documentos do PeteyPedia, uma matéria de jornal menciona como Adrian nunca teve filhos, o que serve para mostrar que ele deve ser o último de seu nome, e o único capaz de representar um legado. 

Antes de ir para as referências e teorias, vale mencionar rapidamente os arquivos do PeteyPedia, um dos mais recentes datado em 24 de Abril e 1995, onde Laurie é interrogada pelo FBI e descobrimos um pouco mais sobre o destino de Dan Dreiberg, o Coruja. Depois dos eventos do quadrinho, ele começou a comandar uma empresa chamada MerlinCorp, responsável por armas e tecnologia para a polícia (o que explica a polícia ter sua própria nave Arquimedes). De acordo com Laurie, ele também construiu o pênis de Manhattan que ela carrega em sua maleta, tudo isso por um ataque de ciúmes. 

Sem mais delongas, vamos ao que interessa.

Sob o Capuz: Referências e Teorias (SPOILERS)

Teorias e referências
  • Começamos o episódio com a visita de Lady Trieu a um casal. Trieu faz uma proposta curiosa, de comprar aquela casa nos próximos três minutos, e em troca pode dar ao casal o que sempre quiseram, um bebê. O interessante nessa cena é o fato deste não ser apenas um bebê, mas uma criação de Trieu utilizando o gene do casal, que não podia conceber. Trieu revela ser trilionária e que o Relógio do Milênio é mais que apenas um relógio. Mais tarde no episódio, descobrimos que ela e sua criação estão bem mais ligadas a Adrian do que imaginamos.
Lady Trieu
  • Depois disso, voltamos para Angela, que está cada vez mais confusa com as revelações recentes sobre Will ser o seu avô. Ela vai até o Centro de Herança Cultural de Greenwood depois do horário de funcionamento e investiga sua árvore [holográfica] genealógica. Lá descobre mais sobre seu bisavô, O.B.Williams e Ruth Robeson, mas não consegue ficar por muito tempo porque escuta o som de seu carro, que foi “abduzido” no final do segundo episódio, caindo do céu ali perto. Ela vê Laurie rindo na frente do carro destruído e revista o veículo por pistas, mas tudo que encontra são as pílulas de Will. 
A árvore genealógica
  • No dia seguinte, Angela visita Wade Tillman, o Looking Glass, em seu bunker, que usa como estúdio de revelação para suas fotografias das lulas que caíram na chuva do primeiro episódio. Angela pede ajuda para esconder o traje da Klu Klux Klan que encontrou na casa de Judd, assim como as pílulas de Will, isso porque não quer que Laurie faça perguntas.

    Quando vai embora, joga uma mala no caminhão do lixo, mas descobre estar sendo observada por um homem misterioso vestido em um collant branco da cabeça aos pés. Angela o persegue, mas o homem derrama alguma substância lubrificante em seu corpo e desliza para dentro de um bueiro. 
  • Angela chega na delegacia para reportar o “Homem-Lubrificante”, mas ao sair do elevador se depara com o senador Keene, que faz questão de não chamar Angela como Sister Night. Isso pode implicar que ele continua com os mesmos interesses de seu pai, determinado em acabar com os mascarados. Angela também recebe a notícia de que a nova chefe do departamento é Laurie, apresentando pistas sobre o passado de Will: “ele foi um policial em Nova York, nas décadas de 40 e 50, mas se aposentou jovem e sumiu do mapa”.

    Petey entra na sala e sussurra algo nos ouvidos de sua chefe, então as duas saem em direção ao Relógio do Milênio. No caminho, podemos ouvir a música You´re My Thrill, de Billie Holiday, a mesma que toca na nave Arquimedes nos quadrinhos quando Dan e Laurie resgatam os moradores de um prédio em chamas. 
  • No Relógio do Milênio temos várias revelações e pistas. Angela e Laurie são recebidas por Bian, a filha de Lady Trieu, que os guia pela instalação, dizendo como o monumento será a primeira maravilha de um novo mundo, “mil milhas distante do oceano mais próximo, fortalecido contra qualquer atividade sísmica ou ataque, a não ser uma explosão nuclear”.

    Finalmente se encontram com Trieu, que declara sua admiração por Adrian Veidt através de uma escultura em seu escritório: “Muito de meu sucesso cresce da semente de sua inspiração”. Seria isso uma indicação de que Adrian e Trieu estejam trabalhando juntos, ou que ela seja a responsável por enviar novos clones para seu mentor, ou – indo mais longe – ela pode ser uma criação do próprio Veidt, mesmo que isso talvez entre em contradição com as ideias de Adrian em ser o último de seu nome.

    Durante a conversa, Angela e Trieu tem um rápido diálogo em vietnamês sobre as pílulas de Will. Essa interação abre espaço para várias interpretações sobre a relação de Trieu, Veidt e Will. Estariam os três trabalhando juntos?
  • E por falar em Adrian, vamos novamente para as partes mais bizarras de todos os episódios até agora. Assistimos o homem mais inteligente do mundo pescando o que parecem ser caixas contendo bebês prematuros. Ele seleciona alguns, devolve o resto para o mar e volta para seu laboratório, onde tem uma máquina capaz de desenvolver os bebês e transformá-los em adultos em questão de segundos. Assim fica confirmada a origem de todos os clones do Sr. Phillips e a Sra. Crookshanks, e seguimos a rotina de Adrian, que precisa de novos assistentes já que aparentemente assassinou vários em uma “noite ruim”.

    No dia seguinte, Adrian continua com seus experimentos, dessa vez testando sua catapulta, jogando corpos de clones descartáveis em direção aos céus, e o mais bizarro nisso tudo – como se já não fosse o suficiente – é que os corpos desaparecem ao atingir certa altura. Seria estranho assumir que Adrian esteja em um tipo de cúpula contra a sua vontade, mas uma de suas falas pode ter entregue onde está (mais ou menos): “Eu achava que isso seria um paraíso, mas é uma prisão. Finalmente poderei escapar desse lugar maldito!”. 
  • Por fim, temos mais uma cena com Lady Trieu, acalmando Bian, que teve um pesadelo sobre estar em uma vila pegando fogo e ser obrigada a caminhar por tanto tempo que seus pés doem até acordada (seria isso um sonho sobre as invasões aos campos durante a ocupação do Vietnã?). Quando Bian se acalma, se despede de Will, que estava sentado na sala de Trieu o tempo todo.

    Trieu repreende Will por não dizer logo a Angela o que está acontecendo ao invés de espalhar pistas, como as pílulas no carro, mas ele responde dizendo que Trieu faz o mesmo com sua filha. Ainda é cedo para afirmar, mas talvez Bian seja uma de suas criações e não uma filha natural. Antes de Will ir embora, Trieu revela que faltam apenas três dias, mas para o quê?

    Os dois olham para o céu e Will repete “tic toc, tic toc”.

Parece que as coisas vão fazer sentido em breve, estamos na metade da temporada. O que tem achado até agora?

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Watchmen | She Was Killed By Space Junk – S01E03

Leia sobre os episódios anteriores e a HQ aqui.

O enterro de Judd Crawford está próximo, mas as investigações dos mascarados não parecem ser o suficiente, o que faz com que o FBI envolva-se no mistério do assassinato do capitão de polícia. Para o caso, o bureau delega a tarefa à Laurie Blake (Jean Smart), que sabe bem mais do que todos imaginam, mas ainda assim ela leva um assistente, o agente Petey (Dustin Ingram). É nesse ínterim que assistimos o senador Keene revelar suas verdadeiras intenções com os “heróis”, mostrando que continua o legado de seu pai, também temos Angela em sua própria missão e finalmente temos a confirmação de que o homem na mansão é Adrian Veidt, o que era bem óbvio, mas ainda não sabemos o quanto dessa série é distração ou não. 

Algumas peças do quebra-cabeça começam a fazer sentido, enquanto outras ficam ainda mais complicadas de se encaixar, mas antes de chegar nas teorias e referências, vou falar um pouco sobre o episódio em si. Para começar, a direção agora é por conta de Stephen Williams, companheiro de longa data do showrunner Damon Lindelof, com quem trabalhou na série Lost. Williams constrói algumas cenas com uma tensão crescente que casa muito bem com o episódio, como as sequências do assalto ao banco ou basicamente qualquer momento em que algum personagem conversa com Laurie, um atestado do talento de Jean Smart para entregar uma personagem complexa, que pode intimidar, mas é carismática em sua atitude despretensiosa, também frágil quando precisa lidar com o passado. Um detalhe da personagem que chamou a atenção foi sua compulsão por corrigir a gramática das pessoas, o que rende alguns diálogos interessantes.

Por falar em Laurie Blake, para quem não tem muita afinidade com as HQs ou o filme, essa é Laurie Juspeczyk, que atuou como a heroína Espectral durante a era Watchmen. Ela é filha de Sally Jupiter, que também foi uma vigilante, e de quem tirou o nome de seu alter ego. Pelo que vemos na série, Laurie não está mais em um relacionamento com Dan Dreiberg, o Coruja, e decidiu assumir o sobrenome de seu pai, Edward Blake, o Comediante (cujo assassinato acaba sendo o ponto de partida para a HQ). Então, já que estamos mencionando as ligações com o material original, vamos para as teorias e referências. 

Sob o Capuz: Referências e Teorias (SPOILERS)

Watchmen
  • A primeira cena mostra Laurie em uma cabine telefônica peculiar, azul e com o símbolo de Manhattan. Essa cabine serve para fazer ligações diretas entre a Terra e Marte. Laurie tenta entrar em contato com Manhattan, o que não parece estar dando certo, mas por ser uma ex-amante dele, talvez tenhamos uma conversa em breve. Mas o mais estranho não está nessa possível interação, e sim na logo que surge antes da ligação ser feita.

    Trieu é o nome que surge na tela antes da ligação de Laurie. Aparentemente, uma empresa chamada Trieu criou essa cabine, mas com que intenção? Uma das pistas está no diálogo entre Laurie e o agente Petey quando sobrevoam Tulsa, na qual ele menciona como as Indústrias Veidt foram compradas por uma magnata chamada Lady Trieu, em 2012, assim que Adrian desapareceu e foi dado como morto.

    Lady Trieu ainda não apareceu na série, mas está presente através de menções e pela menina que compra as revistas do jornaleiro no segundo episódio. Essa figura misteriosa não deve ser apenas uma personagem rica, mas sim uma das peças mais importantes para entender os planos de Adrian. Além disso e de criar a cabine, o que é bastante estranho em um mundo onde todos adquiriram um tipo de tecnofobia por conta dos eventos da HQ, Trieu é responsável por construir o monumento Relógio do Milênio, que também pode ser visto durante o voo de Laurie e Petey. 

    As coincidências e ligações com Adrian não param aí, porque a parte verdadeiramente assustadora é que, de acordo com Petey (e eu demorei para notar que esse era o Petey que reúne as informações do site de bastidores da HBO), antes de inaugurar o monumento, Lady Trieu mencionou diretamente Ozymandias –  não o herói, mas o poema que inspirou o seu nome, escrito por Percy Shelley, sobre um homem antes poderoso que teve seu legado esquecido pelo tempo, tendo apenas uma estátua abandonada no deserto como lembrança.

    Será que Trieu trabalha para Adrian, ou com ele… ou contra ele? Ainda é cedo demais para saber.

    O trecho do poema mencionado:
    “Contemplem minhas obras, ó poderosos, e desesperem-se”
  • Continuando com Laurie, o episódio mostra a personagem em trabalho, atuando como uma agente do FBI tentando capturar vigilantes agindo fora da lei – parece que a atividade voltou a ser crime, pelo menos nas grandes cidades. Chegando em casa, Laurie tenta ouvir sua música em paz, um pouco de Devo nunca é demais (eles dão o nome do episódio com a música Space Junk), alimenta sua coruja de estimação (novamente, referências ao Coruja) e abre uma maleta com um conteúdo que só é revelado no fim do episódio (brinquedos sexuais inspirados em Manhattan). Sua rotina é interrompida pela visita do senador Keene, que a parabeniza pelo excelente trabalho.

    Ele diz que o assassinato de Crawford não pode ter sido ato da Kavalaria, já que eles têm o costume de se vangloriar por cada policial que matam. Isso deixa Laurie ainda mais intrigada. Ao fundo, uma pintura no estilo Andy Warhol representando o Coruja, Adrian e Manhattan chama a atenção, enquanto Laurie cobre seu próprio rosto com a cabeça. Isso pode ser uma das várias alusões à piada da personagem na abertura do episódio, onde fala sobre três homens tentando entrar no céu, mas são mandados para o inferno. O que Deus não esperava era a presença de uma garota que passou despercebida. 
Laurie e seu Andy Warhol
  • No bureau, uma reunião sobre os eventos recentes em Tulsa é o que motiva Laurie. Durante a apresentação, um dos slides mostra uma página do diário de Rorschach, exatamente na parte em que ele relata sua visita ao Veidt. O responsável pela apresentação questiona o agente Petey, que incluiu essa página para “contexto”, mas aparentemente “ninguém liga para o Rorschach”. Durante a apresentação também podemos ver que o FBI já sabe a identidade secreta de todos os policiais mascarados. 
Diário de Rorschach
  • Temos o retorno de Pirate Jenny, Red Scare e Looking Glass, que dessa vez é o interrogado por uma Laurie sem rodeios sobre a instalação secreta que comandam, onde todos os “potenciais supremacistas” são fichados para futura referência.É engraçado ver a agente pegando o controle de Looking Glass e fazendo piadas sobre seu “detector de racistas”. Esse tipo de humor é uma das coisas que Alan Moore faz muito bem nas HQs e ficou faltando na adaptação cinematográfica, então isso é mais um ponto positivo para a série. Além disso, é revelado o verdadeiro nome do personagem de capuz reluzente: Wade Tillman.
O detector de racistas
  • Se até esse ponto já não estava óbvio, Laurie é a protagonista do episódio. Então continuamos seguindo o seu cotidiano, até mesmo sua estadia em um hotel chamado Black Freighter, mais uma das várias referências que o Cargueiro Negro vem recebendo na série. Essa nem é a única vez em que a HQ dentro da HQ é aludida no episódio, porque uma bandeira de caveira pirata recebe bastante atenção da câmera quando observamos Adrian em sua “caçada”. Seriam esses exemplos apenas menções ao quadrinho ou uma ligação maior?
  • Depois, vamos ao enterro de Judd Crawford, e mesmo com um membro da Sétima Kavalaria invadindo o evento com uma bomba conectada ao coração, o que me deixou curioso mesmo foi a música cantada por Angela durante seu tributo. The Last Round-Up, do filme The Singing Hill, de 1941, é a canção cantado pelo cowboy Gene Autry, durante o enterro de um dos moradores de uma pequena cidade invadida por um magnata. A premissa do filme pode não parecer relevante até agora, talvez o filme e a música sejam mencionados apenas por conta do enterro, mas como ainda não se sabe muito sobre o passado de Crawford e as últimas informações não parecem convencer Angela, é mais um dos casos onde é cedo demais para dizer. 
  • Agora vamos para Ozymandias, onde sempre encontramos as sequências mais bizarras da série até o momento. A câmera atravessa a sala da mansão de Adrian, revelando bustos do imperador Alexandre, discos em vinil de Lee Perry, maquetes, uma pequena catapulta, pesquisas sobre lulas (novamente?) e muitas, MUITAS plantas e mapas. A loucura do momento é uma vestimenta que, pelo que tudo indica, não teve o resultado esperado pelo homem mais inteligente do mundo, o que resulta em mais uma casualidade entre seus clones e muita frustração.

    Mas Adrian não desiste e segue com seus planos, partindo para a caça, literalmente, atirando em um búfalo-americano, provavelmente para usar sua carcaça como base para mais uma vestimenta. O CGI dessa cena é pouco impressionante, considerando o que a HBO já conseguiu fazer com efeitos especiais em séries como Westworld, mas tudo bem. O que realmente chama a atenção é a revelação de mais uma figura misteriosa, em um cavalo, que atira aos pés de Adrian e o proíbe de capturar sua presa.

    Voltando para sua mansão, mais uma vez impaciente, Adrian tenta meditar, mas é interrompido por sua assistente, Crookshanks, que carrega uma carta selada com um carimbo de caveira (Cargueiro Negro, mais uma vez), provavelmente da figura misteriosa. A carta fala que Adrian precisa respeitar as “condições de seu cativeiro”, e que suas ações podem acarretar em “sérias consequências”. Ainda que tenha um teor ameaçador, o remetente agradece Veidt pelos tomates (vistos no episódio anterior, crescendo em uma árvore, o que indica alterações genéticas) e se intitula como um “humilde servo, o Guarda-Florestal”. Adrian pede para Crookshanks voltar à máquina de escrever e redigir uma resposta, na qual deixa claro que suas ações são de natureza recreacional. No fim, ele assina a carta com seu nome, confirmando que esse tem sido Veidt o tempo inteiro, então ele dispensa sua assistente e comemora se vestindo como Ozymandias, usando seu uniforme original.

    Toda essa sequência entrega bastante informação, o que é curioso. Ver Ozymandias uniformizado enquanto um relâmpago ilumina seu rosto pode parecer brega com a intenção de distrair o público. O jeito é esperar. 
  • Logo depois, temos uma conversa séria entre Angela e Laurie, mais uma vez levantando o questionamento sobre o passado de Crawford. Laurie volta para o motel Cargueiro Negro, encara o conteúdo de sua mala, dorme com seu assistente e voltamos para a cabine telefônica. Ao sair de lá, ela encara o céu e espera uma resposta de Manhattan, o que recebe de certa maneira através de um carro caindo das alturas. Dessa vez, Will, o centenário na cadeira de rodas, não está dentro dele. 

E a trama fica ainda mais bizarra, o que eu adoro!
O que tem achado da série até agora? Quais as suas teorias? Não esqueçam de visitar o PeteyPedia porque já foram liberados materiais novos e comprometedores para os personagens, incluindo evidências sobre o assassinato de Crawford. 

Vamos continuar debatendo. Até a próxima semana!

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Watchmen | Martial Feats Of Comanche Horsemanship – S01E02

Chegamos ao segundo episódio da série Watchmen, com mais revelações, mas também muito mais mistérios. Nicole Kassel retorna para a direção, construindo a tensão e estabelecendo alguns elementos que provavelmente serão essenciais para compreender a “grande conspiração” prenunciada por Will Reever, o centenário em cadeira de rodas aparentemente responsável pela morte de Judd Crawford. 

Agora Watchmen parece estar mais ligada ao seu material original, com referências diretas aos quadrinhos, além de começar a revelar o possível caminho que seguirá até o fim da temporada, dando maior espaço para os acontecimentos de Tulsa em 1921 e o drama pessoal de Angela, que descobre informações importantes sobre seu próprio passado. 

Podemos ver Looking Glass em ação novamente, dessa vez tentando conversar com Night (alter ego de Angela) sobre o assassinato de Crawford, o que a deixa desconfortável. Red Scare também recebe atenção, mesmo que superficialmente. Entendemos porque seu uniforme é vermelho (ele se considera um comunista) e vemos seu ódio pela Kavalaria ou os apoiadores de Nixon. 

Não houveram grandes mudanças em tom do primeiro episódio para esse, apenas na música de Trent Reznor e Atticus Ross, que ficou ainda melhor e mais experimental, então para não perder tempo, vamos logo para as referências e teorias.  

Sob o Capuz: Referências e Teorias (SPOILERS)

Watchmen
  • Retornamos a Tulsa, e podemos ver como o passado será um ponto chave para compreender a temporada. Podemos ver mais uma vez o pequeno Will Reever, lendo o panfleto com as regras para os negros em tempos de guerra. O episódio abre com um oficial alemão pedindo para que sua secretária datilografe uma mensagem em inglês direcionada aos soldados negros.

    Essa cena não é ficção, a mensagem é real e ainda há cópias digitalizadas do panfleto em alguns museus dos EUA. Ainda não sabemos o paradeiro do bebê encontrado por Will, mas algo me diz que ele pode ter algo a ver com a “nave” que surge na conclusão do episódio e leva o centenário embora. Abaixo, você pode ver uma réplica do panfleto.
  • Uma das grandes ligações diretas aos quadrinhos é a banca de jornal do Mr. News, onde temos o jornaleiro Seymour conversando com o entregador, uma clara alusão ao personagem Bernard, dono de uma banca que observa e conhece todos em volta. Na HQ, Bernard está sempre conversando com um jovem que senta na calçada e lê a nova edição do Cargueiro Negro (quadrinho dentro do universo de Watchmen), mas é apenas no fim que descobre o nome do jovem, o mesmo que o seu.

    Na série, podemos ver que o jornal New Frontiersman e a revista Nova Express continuam em atividade. Ao fundo, é visível um estabelecimento chamado Mac Mcgee, mais uma referência musical da série, dessa vez à cantora Janis Joplin e sua música Me and Bobby McGee, presente na HQ e na trilha do filme de Zack Snyder, de 2009.
  • Antes dessa cena, há outra referência aos quadrinhos, um detalhe pequeno mas que prova a atenção da série aos detalhes. Entre a transição das cenas de Angela e do jornaleiro, podemos ver uma silhueta marcada na parede de um casal de beijando, e essa mesma imagem pode ser vista nos quadrinhos.
  • No episódio, Angela tenta descobrir a verdadeira identidade de Will, então decide ir ao centro cultural de Greenwood, onde é recebida por uma mensagem digital do secretário do tesouro nacional, Henry Louis Gates Jr, que na vida real é um editor, escritor e acadêmico envolvido nos estudos sobre o passado histórico da comunidade negra.
Watchmen
  • Uma coisa curiosa foi ver a forma como alguns repórteres e paparazzi fazem seu trabalho no mundo da série. Quando Night, Looking Glass e Red Scare chegam para ajudar a polícia na cena do crime de Judd Crawford, um homem com asas mecânicas cai no capô de um carro, enquanto outro pode ser avistado sobrevoando o local com uma câmera. Red Scare chama esses repórteres de “moths”, ou “traças”, em português. Essa pode ser uma menção ao personagem Byron Lewis, dos quadrinhos, que atuava como o herói Mothman, do grupo Minutemen (os Watchmen originais), traduzido por aqui para Traça.
Watchmen
  • E por falar nos Minutemen, finalmente acontece a estréia do programa American Hero Story, contando a história de heróis clássicos atuando contra o crime. O episódio foca na jornada do Justiça Encapuzada, um dos primeiros justiceiros em atividade, e o mais misterioso. Além do que parece ser uma homenagem aos primeiros minutos do filme Crepúsculo dos Deuses, de Billy Wilder, a série dentro da série parece estar parodiando o estilo de filmagem do diretor Zack Snyder, enchendo as cenas de câmera lenta e violência gratuita.

    Eu já mencionei por aqui, mas para quem esqueceu, Snyder dirigiu a adaptação para o cinema de Watchmen, em 2009, e essas são algumas de suas marcas registradas. Além disso, a série faz uma comparação entre os eventos do clímax do quadrinho e o pandemônio causado pelo diretor Orson Welles em 1938, quando decidiu narrar os acontecimentos do livro Guerra dos Mundos ao vivo em uma rádio pública. A descrição de uma invasão alienígena causou uma comoção enorme entre os ouvintes, muitos acabaram correndo pelas ruas ou ligando para a emergência pedindo ajuda.
Watchmen
  • Uma das coisas mais curiosas do episódio é uma cena envolvendo o garoto Thoper Abar, interpretado por Dylan Schombing, que pode ser visto construindo um tipo de castelo gravitacional com peças magnéticas de um conjunto chamado Magna-Hattan Blocks. Além da óbvia ligação do nome Magna-Hattan com Manhattan, essa pode ser uma cena importantíssima para a série, isso porque a ligação não está apenas em palavras, mas visualmente.

    No primeiro episódio, Manhattan é transmitido na TV tentando construir um castelo bastante parecido com o de Topher. Estariam os dois ligados de alguma maneira? E se formos ainda mais ousados, será que há alguma conexão com o castelo de Adrian Veidt?
  • Por falar em Veidt, voltamos ao seu castelo escondido do mundo, onde Adrian parece estar tentando recriar seus dias como em uma peça teatral, o que ele já está fazendo com seus funcionários, tentando trazer para a luz sua tragédia O Filho do Relojoeiro, uma dramatização da história de origem do Dr. Manhattan (com direto à Cavalgada das Valquírias, de Wagner, como trilha sonora – outra ligação com o filme de Snyder).

    Essa é uma das sequencias mais absurdas do episódio, revelando que todos os funcionários de Adrian são clones. Isso faz sentido se lembrarmos que ele é um dos nomes mais importantes do mundo quando se fala em tecnologia e ciência, tanto que seu animal de estimação nos quadrinhos, Bubastis, era uma criatura geneticamente modificada, então nada mais justo para o personagem do que evoluir sua pesquisa para seres humanos. E por falar em Bubastis, Adrian tem agora outro animal de estimação, um cavalo chamado Bucéfalo, inspirado no cavalo de mesmo nome do imperador “Alexandre, O Grande”, o maior ídolo de Veidt.
  • É na casa de Judd Crawford que recebemos algumas das reviravoltas e informações mais importantes do episódio, mesmo que ainda não esteja claro se são reais ou fabricadas por alguém tentando sujar a imagem do oficial. A primeira informação é o quadro Martial Feats of Comanche Horsemanship, que pode ser encontrado na sala de Judd. A pintura de 1984 dá nome ao episódio e representa as primeiras batalhas entre os índios e a cavalaria, talvez uma referência temática aos membros da Kavalaria que usam máscaras de Rorschach.

    A segunda é a introdução do personagem Joe Keene, o filho (talvez neto) do senador Keene, responsável pela lei de 1977 que proíbe a atividade de heróis com identidade secreta na HQ. Tudo indica que ele será o principal concorrente de Robert Redford nas próximas eleições, e do jeito que as coisas vão, parece que vai ser uma disputa difícil.

    Tirando a revelação final da sequencia em que um traje da Klu Klux Kan é encontrado no armário de Judd, a série continua tentando nos convencer de que ele era o Coruja o tempo inteiro, e aí entra a terceira informação importante, quando Angela encontra um par de óculos capazes de visão raio-x bastante similares aos óculos de leitura infravermelha de Dan Dreiberg, o Coruja, nos quadrinhos.
  • Mesmo em um episódio com clones e fotógrafos alados, o mais estranho mesmo foi o imã gigante que veio dos céus para resgatar (?) Will. Até o momento a minha teoria para isso é que… a série é louca mesmo. Admito não lembrar de nada assim nos quadrinhos, mas entre as sombras podemos ver que há uma hélice, que deve fazer parte de alguma nave de recolhimento. Vai saber ¯\_(ツ)_/¯
Watchmen

Antes de terminar esse texto, uma boa dica para quem quer saber ainda mais sobre os bastidores de Watchmen é o PeteyPedia, um site mantido pela HBO, onde cataloga notícias e documentos importantes como se fosse parte da série, assim como o próprio Alan Moore fez entre as edições da HQ original, quando aproveitava as páginas de publicidade para criar mais conteúdo sobre o universo que criou.

Parece que as coisas vão ficar muito mais confusas daqui pra frente, então não se esqueça de voltar na próxima semana para continuarmos debatendo a série. Até lá!