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Mrs. Davis | Jesus vs Inteligência Artificial, Ciência vs Religião

“Redirecionando, 1042… Redirecionando, 1042, Sandy Springs…”

Em uma era de remakes e adaptações, uma obra original é sempre bem-vinda. Mrs. Davis”, nova minissérie original do streaming Peacock (o mesmo que tentou emplacar aquela adaptação de Admirável Mundo Novo), chegou sem fazer muito barulho, com uma proposta muito mais do que original e um tanto inusitada: que tal misturar religião cristã e ficção científica?

Tornando-se uma das adições para TV mais cativantes dos últimos meses, a série criada por Tara Hernandez (The Big Bang Theory) e Damon Lindelof (The Leftovers, Lost, Watchmen) tem conquistado o público. Estrelada por Betty Gilpin (Glow), que trabalhou com Lindelof em A Caçada (The Hunt, 2020), a minissérie Mrs. Davis aborda diversos assuntos, mas tentarei fazer um resumo muito breve da premissa.

Em um mundo comandado pela inteligência artificial denominada Mrs. Davis, a freira Simone (interpretada por Betty Gilpin), tenta viver desconectada em um convento afastado da modernidade, desfrutando de seu dom único: a capacidade de visitar Jesus Cristo (interpretado por Andy McQueen) em um restaurante no plano celestial. Simone culpa Mrs. Davis pela morte de seu pai, um famoso mágico, e tem uma relação pra lá de complicada com sua mãe, interpretada magnificamente por Elizabeth Marvel (Manifesto). Assim, Simone evita qualquer contato com a tecnologia que supostamente é a fonte de todas as suas dores.

No entanto, após várias tentativas frustradas, Davis alcança Simone e negocia sua autodestruição em troca de que ela embarque em uma missão para encontrar um objeto mítico, ao qual apenas ela poderia ter acesso. A partir daí, Simone precisa se juntar a um antigo conhecido, Wiley (interpretado por John McDorman), em uma missão cheia de absurdos, em que religião e ciência se misturam de forma super criativa.

A minissérie não tem medo de explorar alguns terrenos “polêmicos” enquanto faz comentários pertinentes, sem se limitar aos temas iniciais, trazendo arcos muito interessantes sobre a relação entre pais e filhos, o uso descontrolado das inteligências artificiais no nosso dia a dia e qual papel a religião ocupa no mundo moderno. Os primeiros episódios jogam o espectador nesse mundo sem muitas explicações, deixando para eles a tarefa de entender como as engrenagens da narrativa funcionam. Essa é uma das marcas de Lindelof, algo que fez com maestria em Watchmen e The Leftovers.

Outra peça fundamental de Mrs. Davis é a escolha do elenco, pela qual eu tenho que dar meus parabéns, são escolhas fantásticas. O grande destaque aqui realmente fica para Betty Gilpin, que não economiza em lágrimas e expressões, mas todo o elenco também está muito bem. Dando a impressão de que é apenas mais uma obra descompromissada, a minissérie tem momentos emotivos marcantes, principalmente quando se aproxima de sua reta final, como uma cena esplêndida no último episódio entre as personagens de Andy McQueen e Betty Gilpin. E ainda conta com a agradável aparição surpresa de Shohreh Aghdashloo, a eterna Chrisjen Avasarala de The Expanse, em um papel um tanto inesperado.

Divertida, irreverente e inteligente, Mrs. Davis é uma pérola e, com certeza, merece atenção. Planejada como uma série limitada, a obra se fecha satisfatoriamente em seu oitavo e último episódio. Infelizmente, a série ainda não conseguiu distribuição no Brasil, mas deve chegar em breve devido à boa repercussão dos episódios finais.

Mrs Davis (2023) – Minissérie
Peacock, 8 Episódios de aprox. 40 – 50 Min.
Criada por Tara Hernandez e Damon Lindelof
Com Betty Gilpin, Jake McDorman, Andy McQueen, Chris Diamantopoulos, Katja Herbers, Elizabeth Marvel e outros.

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Olá, Amanhã! | Crítica da Primeira Temporada

Se você balançar uma árvore de séries de ficção científica, são grandes as chances de cair alguma produção com a estética cyberpunk ou uma ópera espacial estilo Battlestar Galactica ou The Expanse (que eu adoro, à propósito), mas não é todo dia que cai algo com uma ambientação retrofuturista. Claro que há exemplos, como o clássico Os Jetsons ou algo mais recente em Loki, que trouxe muito desse subgênero capaz de imaginar um possível futuro ambientado em um possível passado, principalmente nas sequências do protagonista nas instalações da agência TVA, que mesmo controlando toda a linha temporal do universo, é administrada através de muita papelada e modelos de computadores comuns do século passado.

Com muito do seu apelo envolvendo uma mescla do estilo art déco com a nostalgia pela estética das décadas de 1950 e 60, há temas que podem ser explorados em narrativas retrofuturistas que vão além da ficção científica das máquinas alimentadas por energia nuclear ou a tecnologia retrô, com máquinas de escrever, aquelas tvs de tubo gigantes, telefones de disco, e outras imagens que as futuras gerações vão precisar pesquisar para visualizar o que estou escrevendo.

O retrofuturismo também pode ser uma forte ferramenta de crítica política e social, principalmente considerando o contraste entre a cultura do século passado e o que vivemos – ou está por vir -, fazendo comentários sobre os costumes conservadores da época, como o “papel” da mulher nas relações sociais, o que pode render uma narrativa complexa sobre sexismo e abuso doméstico, se for bem trabalhado e não cair em um território insensível ou sensacionalista. O retrofuturismo costuma explorar os conceitos de burocracia, corrupção corporativa e a manipulação da mídia através da propaganda, temas bem trabalhados em obras como Brazil, de Terry Gilliam. 

Considerando o cenário atual de crise econômica, ascensão de ideologias fascistas, violência contra minorias e desastres ambientais, uma série ambientada em um mundo retrofuturista tem todas as oportunidades para ser combustível tanto de nostalgia, quanto de crítica social. Assim, a série Olá, Amanhã!, distribuída pelo serviço de streaming Apple+, tinha potencial para ser uma grande obra de ficção científica, com apoio de um bom orçamento e ótimo elenco.

No mundo retrofuturista de Olá, Amanhã!, acompanhamos o cotidiano de Jack Billings (Billy Crudup), um carismático vendedor que lidera uma equipe profissional na missão de realizar os sonhos de seus clientes através de uma nova vida, convencendo-os a comprar uma residência na lua. A proposta é grande, mas a lábia de Jack e seus parceiros é maior, ao ponto de negociarem o impossível. Entre promessas absurdas, dívidas de jogos, familiares ausentes e uma cidade cheia de habitantes excêntricos, é apenas questão de tempo para algum desastre acontecer.

Levando em conta os elementos mencionados anteriormente, a série tem de tudo para construir um bom enredo e personagens envolventes, mas adianto que esse não é o forte da série. Há um excelente trabalho de ambientação por conta dos departamentos de figurino e fotografia, além do design de produção, com a arquitetura da cidade e os automóveis clássicos. É uma pena a série fazer tão pouco com essa ambientação, que é ótima, mas não parece afetar tanto a construção de mundo e a narrativa geral, em alguns episódios parece ser apenas um véu de apelo estético bem feito, mas de pouca interação com as personagens.

Billy Crudup em Hello Tomorrow

Outra oportunidade desperdiçada é o elenco de qualidade, que foi limitado a personagens sem muita dimensão, resumidos em alguma característica ou chamariz que tem graça nos primeiros minutos, mas logo se esgota. Billy Crudup e Haneefah Wood são os que recebem mais atenção do roteiro e possuem personagens mais envolventes, com tramas, subtramas e dramas pessoais bem estabelecidos. Embora seja ótimo assistir os dois – e algumas das melhores cenas dessa primeira temporada envolvem alguns embates e trocas de diálogo entre a dupla -, a série se apoia demais na sua muleta de “cidade cheia de habitantes excêntricos”, o que faz com que quase todo o resto do elenco seja obrigado a representar personagens que não vão além da sua caricatura, deixando atores e atrizes mais que competentes, como Hank Azaria e Alison Pill, representando papéis tão limitados que seus arcos se repetem mais de uma vez ao longo de dez episódios de apenas meia hora, e a sensação é de que o ritmo lento da série não ajuda.

Geralmente, adoro séries com um ritmo mais vagaroso, como acontece com Outer Range ou Invasão, mas Olá, Amanhã! parece confusa com suas próprias intenções, e por vezes parece emular a construção de tensão e a atmosfera misteriosa de produções como Ruptura (Severance), que também é da Apple+, mas trabalha com sucesso seus personagens caricatos (no bom sentido: eles são uma caricatura na superfície, mas muito melhor trabalhados). Talvez minha maior decepção com as personagens foi a presença de Matthew Maher, um ator tão engraçado e carismático que tentou ao máximo trazer algum charme e identidade para seu papel, mas ainda sofreu com o enredo repetitivo e caracterização preguiçosa.

Olá, Amanhã! tinha tudo para ser a próxima grande série de ficção científica da Apple+, mas não consegue construir bem seu mistério e personagens da mesma forma que as concorrentes do seu próprio serviço de streaming. Bem ambientado, ótimo apelo visual e um elenco de primeira, mas nenhum desses elementos consegue atingir seu potencial em uma história tão repetitiva que cansa.

Dewshane Williams, Hank Azaria e Haneefah Wood em Hello Tomorrow

Olá, Amanhã! / Hello, Tomorrow (2023) – Primeira Temporada
Apple, 10 Episódios de aprox. 30 Min.
Criada por Amit Bhalla e Lucas Jansen
Com Billy Crudup, Haneefah Wood, ALison Pill, Nicholas Podany, Dewshane Williams, Hank Azaria, Matthew Maher e outros.

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Adaptando FUNDAÇÃO, o clássico de Isaac Asimov

Sempre foi um mistério para mim como obras clássicas da literatura de ficção científica, como Duna ou O Guia do Mochileiro das Galáxias, receberam mais de uma adaptação para filmes e séries, enquanto Fundação, que é um dos pilares do gênero, e inspiração para os dois que mencionei, nunca foi traduzido para essas mídias.

Fundação só saiu do papel quando o streaming da Apple, o Apple TV+, assumiu o controle e investiu pesado na produção, colocando Josh Friedman e David S. Goyer como responsáveis. Mas valeu a pena? Nessa crítica da primeira temporada vamos debater os conceitos, teorias e o que faltou para a série alcançar seu potencial máximo.

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TODAS as séries de Ficção Científica da HBO MAX

Você está procurando o que assistir no catálogo da HBO MAX? Então sente aí e assista essa lista com TODAS as séries de ficção científica no serviço de streaming da Warner. São mais de 10, incluindo live actions e animações!

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RAISED BY WOLVES: A série de Ridley Scott na HBO MAX – Crítica S01

Finalmente chegou ao Brasil no catálogo da HBO MAX a série Raised by Wolves, produzida por Ridley Scott, o mesmo de Alien e Blade Runner.

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Indicados ao HUGO AWARDS 2021 | Conheça os finalistas

No dia 13 de abril foram anunciados os finalistas para uma das principais premiações de ficção científica e fantasia da indústria, o prêmio Hugo (ou Hugo Awards), que leva esse nome por conta de Hugo Gernsback, inventor e editor da revista Amazing Stories, a primeira com foco total em narrativas de ficção científica. Desde sua primeira edição, em 1953, temos uma seleção do que há de melhor no gênero, passando pela literatura, quadrinhos, filmes, séries, e pela primeira vez, jogos.

Os votos são feitos pelos membros da World Science Fiction Society (ou Worldcon) e os finalistas de 2021 foram anunciados pelos autores e pesquisadores Sheree Renée Thomas, Malka Older e Ulysses Campbell. Vamos aos indicados da 68ª edição dos Hugo Awards, com alguns comentários rápidos sobre o conteúdo que assisti, e onde você pode encontrá-los.

Melhor Romance

* Alguns dos livros já foram lançados ou possuem distribuição confirmada no Brasil, então esses foram deixados com a editora original e a editora nacional, em itálico.

  • Black Sun, Rebecca Roanhorse (Gallery / Saga Press)
  • The City We Became *, N.K. Jemisin (Orbit) – Editora SUMA
  • Harrow the Ninth, Tamsyn Muir (Tor.com)
  • Network Effect, Martha Wells (Tor.com)
  • Piranesi *, Susanna Clarke (Bloomsbury) – Editora Morro Branco
  • The Relentless Moon, Mary Robinette Kowal (Tor Books)

Comentários: Da lista de indicados, dois romances já possuem distribuição confirmada no Brasil. A primeira delas é The City We Became, de N.K. Jemisin, que tem sido premiada praticamente todos os anos por conta de sua série A Terra Partida, que foi lançada por aqui pela editora Morro Branco. Mas dessa vez, a autora será publicada pela editora Suma, que tem focado no mercado de ficção especulativa com mais atenção nos últimos anos.

Além de Jemisin, Susanna Clarke e seu Piranesi foram confirmados pela editora Morro Branco, que tem feito um ótimo trabalho de trazer autores novos e relevantes para o público. Os outros livros ainda não possuem distribuição confirmada, mas dá pra ver que duas séries continuam fazendo bastante sucesso com o público, como Network Effect, da aclamada série de livros Murderbot Diaries, e The Relentless Moon, da série Lady Astronaut. Ambos tem estado presente nos últimos anos das principais premiações do gênero, e me surpreende que ainda não foram confirmadas por alguma editora por aqui.

Autora NK Jemisin, indicada mais uma vez ao Hugo Awards

Melhor Novela

  • Come Tumbling Down, Seanan McGuire (Tor.com)
  • The Empress of Salt and Fortune, Nghi Vo (Tor.com)
  • Finna, Nino Cipri (Tor.com)
  • Ring Shout, P. Djèlí Clark (Tor.com)
  • Riot Baby, Tochi Onyebuchi (Tor.com)
  • Upright Women Wanted, Sarah Gailey (Tor.com)

Melhor Noveleta

Para as noveletas disponíveis gratuitamente, é só clicar nos links. Todas estão na língua original.

Comentários: Com exceção da polêmica Helicopter Story, originalmente intitulada “I Sexually Identity as an Attack Helicopter”, e The Pill, que está disponível apenas de forma paga na coletânea Big Girl, da autora Meg Elison, todas as outras noveletas estão disponíveis para o público.

Melhor Conto

Para os contos disponíveis gratuitamente, é só clicar nos links. Todos estão na língua original.

Melhor Série Literária

  • The Daevabad Trilogy, S.A. Chakraborty (Harper Voyager)
  • The Interdependency, John Scalzi (Tor Books)
  • The Lady Astronaut Universe, Mary Robinette Kowal (Tor Books/Audible/Magazine of Fantasy and Science Fiction)
  • The Murderbot Diaries, Martha Wells (Tor.com)
  • October Daye, Seanan McGuire (DAW)
  • The Poppy War, R.F. Kuang (Harper Voyager)

Comentários: Mais uma vez, temos as séries Lady Astronaut e Murderbot Diaries nas mais aclamadas do ano, mas também temos John Scalzi com seu The Interdependency. Ainda não tive acesso aos outros da lista, mas parecem bem interessantes. 

Melhor Artigo / Ensaio

Para os artigos e ensaios disponíveis gratuitamente, é só clicar nos links. Todos estão na língua original.

Comentários: Desta lista, dá pra ver que temos um livro sobre Octavia Butler, o que é sempre bom, e o reconhecimento de alguns eventos relevantes, além de uma tradução nova de Beowulf e um artigo sobre a polêmica envolvendo a George R.R.Martin apresentando a premiação em 2020, que contou com o escritor de Game of Thrones errando o nome de participantes e cometendo outras gafes. A maior surpresa aqui é o vídeo de Jenny Nicholson, uma criadora de conteúdo que adoro, mas fiquei impressionado em ver reconhecimento por sua análise da comunidade de fãs adultos da série animada My Little Pony. Sério, vale a pena assistir, é um ótimo vídeo. 

Melhor Narrativa Gráfica (Quadrinho)

  • DIE, Volume 2: Split the Party, de Kieron Gillenn, Stephanie Hans e Clayton Cowles (Image Comics)
  • Ghost-Spider vol. 1: Dog Days Are Over, de Seanan McGuire, Takeshi Miyazawa e Rosie Kämpe (Marvel)
  • Invisible Kingdom, vol 2: Edge of Everything, de G. Willow Wilson e Christian Ward (Dark Horse Comics)
  • Monstress, vol. 5: Warchild, de Marjorie Liu e Sana Takeda (Image Comics)
  • Once & Future vol. 1: The King Is Undead, de Kieron Gillen, Dan Mora, Tamra Bonvillain e Ed Dukeshire (BOOM! Studios)
  • Parable of the Sower: A Graphic Novel Adaptation, de Octavia Butler (livro original), Damian Duffy e John Jennings (Harry N. Abrams)

Comentários: A prova de que eu estou completamente atrasado nas minhas leituras de quadrinhos é que, dessa lista, reconheci apenas três nomes, e só li um, o ótimo Monstress.

Melhor Dramatização, Longa (Melhor Filme)

  • Aves de Rapina / Birds of Prey (and the Fantabulous Emancipation of One Harley Quinn), de Cathy Yan (Warner Bros.)
  • Eurovision Song Contest: The Story of Fire Saga, de David Dobkin (European Broadcasting Union/Netflix)
  • A Velha Guarda / The Old Guard, de Gina Prince-Bythewood (Netflix / Skydance Media)
  • Palm Springs, de Max Barbakow (Limelight / Sun Entertainment Culture / The Lonely Island / Culmination Productions / Neon / Hulu / Amazon Prime)
  • Soul, de Pete Docter e Kemp Powers (Pixar Animation Studios/ Walt Disney Pictures)
  • Tenet, de Christopher Nolan (Warner Bros./Syncopy)

Comentários: Algumas ótimas escolhas, outras nem tanto. Por mais que o conceito seja interessante, Tenet foi Christopher Nolan demais pra mim, e não no bom sentido. Eurovision é divertido, mas assim como A Velha Guarda, poderiam ter dado espaço para filmes menores e melhores. Soul é ótimo, e Aves de Rapina foi um filme surpreendentemente equilibrado e bem dirigido em um DCEU cada vez mais confuso, mas de longe, a minha escolha de favorito para essa lista vai claramente para o divertido e criativo Palm Springs, que trouxe um enredo bem construído e um elenco ótimo, com Andy Samberg e Cristin Milioti, sem contar um hilário J.K Simmons.

Melhor Dramatização, Curta (Melhor Episódio de Série)

  • Doctor Who, “Fugitive of the Judoon”, escrito por Vinay Patel e Chris Chibnall, direção de Nida Manzoor (BBC) – GLOBOPLAY
  • The Expanse, “Gaugamela”, escrito por Dan Nowak, dirigido por Nick Gomez (Alcon Entertainment / Alcon Television Group / Amazon Studios / Hivemind / Just So) – AMAZON PRIME VIDEO
  • She-Ra and the Princesses of Power, “Heart” (parts 1 and 2), escrito por Josie Campbell e Noelle Stevenson, direção de Jen Bennett e Kiki Manrique (DreamWorks Animation Television / Netflix) – NETFLIX
  • The Mandalorian, “Chapter 13: The Jedi”, escrito e dirigido por Dave Filoni (Golem Creations / Lucasfilm / Disney+) – DISNEY+
  • The Mandalorian, “Chapter 16: The Rescue”, escrito por Jon Favreau, dirigido por Peyton Reed (Golem Creations / Lucasfilm / Disney+) – DISNEY+
  • The Good Place, “Whenever You’re Ready”, escrito e dirigido por Michael Schur (Fremulon / 3 Arts Entertainment / Universal Television, a division of Universal Studio Group) – NETFLIX

Comentários: Podemos ver que a premiação tem alguns favoritos. Não é a primeira vez que vemos essas séries por aqui, e com exceção de Doctor Who, porque estou bastante atrasado nas temporadas, assisti todos os indicados. A segunda temporada de Mandalorian foi muito divertida, assim como She-Ra e as Princesas do Poder, que teve um final maravilhoso. Por falar em final, terminei recentemente a série The Good Place, então está bem fresca na memória e posso dizer que aquele final foi bem emotivo, mas sem perder a graça. E para quem me conhece, sabe que vou soar como um disco arranhado, mas The Expanse é incrível, e Gaugumela foi uma aula de roteiro e direção, sem contar que foi, de longe, o episódio com as melhores atuações da série. 

Se você quiser saber mais sobre as MELHORES SÉRIES de 2020, temos um vídeo no canal do Primeiro Contato com a retrospectiva das melhores e piores séries de ficção científica do último ano:

Melhor Jogo (Video-game)

Essa é uma nova categoria.

  • Animal Crossing: New Horizons (Publisher and Developer: Nintendo)
  • Blaseball (Publisher and Developer: The Game Band)
  • Final Fantasy VII Remake (Publisher Square Enix)
  • Hades (Publisher and Developer: Supergiant Games)
  • The Last of Us: Part II (Publisher: Sony Interactive Entertainment / Developer: Naughty Dog)
  • Spiritfarer (Publisher and Developer: Thunder Lotus)

Comentários: Eu admito que não sou muito fã dos jogos atuais, principalmente aqueles com grande detalhe gráfico. Sou do tipo “jogo de plataforma 2d direto ao ponto”, então alguns dessa lista não posso opinar, e outros eu nem conheço ou tenho dinheiro pra jogar (adeus, Animal Crossing, saudade do que nunca tive).

Prêmio John W. Campbell Award para Melhor Escritor Estreante

  • Lindsay Ellis (primeiro ano elegível)
  • Simon Jimenez (primeiro ano elegível)
  • Micaiah Johnson (primeiro ano elegível)
  • A.K. Larkwood (primeiro ano elegível)
  • Jenn Lyons (segundo ano elegível)
  • Emily Tesh (segundo ano elegível)

Lodestar Award para Melhor Livro YA (Young-Adult)

* Alguns dos livros já foram lançados ou possuem distribuição confirmada no Brasil, então esses foram deixados com a editora original e a editora nacional, em itálico.

  • Cemetery Boys, de Aiden Thomas (Swoon Reads) – Galera Records
  • A Deadly Education, de Naomi Novik (Del Rey)
  • Elatsoe, de Darcie Little Badger (Levine Querido)
  • Legendborn, de Tracy Deonn (Margaret K. McElderry/ Simon & Schuster Children’s Publishing) – Intrínseca
  • Raybearer, de Jordan Ifueko (Amulet / Hot Key)
  • A Wizard’s Guide to Defensive Baking, de T. Kingfisher (Argyll Productions)

Este foi mais um ano em que o Hugo Awards tem uma lista de indicados bastante diversa. É interessante ver a quantidade de mulheres nas principais categorias, o que mostra como a premiação segue um caminho mais aberto para representações e pontos de vista diferentes. Assim que os vencedores saírem, voltamos com a lista atualizada!

Leia a lista completa

Para mais conteúdo sobre o universo da ficção científica, siga o Primeiro Contato Scifi nas redes sociais e no canal:


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RETROSPECTIVA 2020 | LISTA: AS MELHORES SÉRIES DE FICÇÃO CIENTÍFICA DO ANO

Convenhamos que o ano 2020 foi um desastre em quase todos os aspectos. Além de toda a tragédia das vidas perdidas por conta do vírus COVID-19, a indústria do audiovisual também teve suas baixas, principalmente as salas de cinema, que não puderam receber os espectadores e ficaram fechadas por meses, dando bastante prejuízo para os exibidores. Mas o que é entretenimento e comércio perto de vidas humanas?

Esse pode ter sido o pior ano da indústria cinematográfica (nem mesmo em tempos de guerra tivemos uma reação em cadeia tão grande de salas sendo fechadas), mas a TV e os serviços de streaming conseguiram manter suas séries em dia, isso porque a maioria já tinha sido filmada e só precisou passar pelo tratamento na pós produção. E por mais que eu queira indicar séries pouco reconhecidas, como Truth Seekers (disponível no Amazon Prime Video), o meu compromisso aqui é com ficção científica, e não há elementos o suficiente para poder estabelecer essa série como algo do gênero, mas fica a dica mesmo assim.

Agora vamos para as regras:

1. Nos anos anteriores, as retrospectivas têm seguido um formato um pouco diferente, no qual listo e faço pequenos comentários sobre cada produção que merece um destaque naquele ano. Mas por destacar apenas as que eu gostei, deixei de fora outras séries que, por mais que eu não considere essenciais, podem acabar agradando alguém. Por isso, esse ano decidi desenvolver a retrospectiva em forma de lista, indo da pior para a melhor.

2. Entram na lista apenas as séries que tiveram exibição em 2020, e para alguns casos, eu incluí produções que tiveram início no ano anterior, mas terminaram em 2020, assim como produções que tiveram início em 2020 e terminarão em 2021. Pelo menos metade da temporada precisa ter sido exibida durante o ano da retrospectiva.

3. Infelizmente, como sou apenas uma pessoa, não fui capaz de assistir TUDO que foi lançado no ano, mas acredito que o número de produções mencionadas nesse texto será satisfatório. Séries como Doctor Who, Stranger Things, Agents of S.H.I.E.L.D e Future Man acabaram sendo deixados como MENÇÃO HONROSA simplesmente porque (ainda) não assisti as novas temporadas, mas deixo aqui como indicação já que nunca chegaram a decepcionar, então merecem ao menos esse pequeno reconhecimento. E perdão aos fãs de Lovecraft Country, porque ainda não terminei a temporada, mas até onde vi, estava muito boa, então… menção honrosa também.

4. Obviamente, a ordem da lista segue minha opinião completamente subjetiva, já que gosto é gosto, mas a principal função desse texto é lembrar, criticar e indicar o que saiu de melhor (e pior) na ficção científica de 2020.

Agora, vamos ao que interessa:
O ranking das 21 séries de ficção científica de 2020, da pior para a melhor.

Hilary Swank na série Away da Netflix

21º Lugar | AWAY (2020)

Desenvolvida por Andrew Hinderaker
Disponível na Netflix

Com um elenco mais do que competente, nem mesmo as atuações da premiada Hilary Swank e Josh Charles conseguem salvar o melodrama original da Netflix, que vem tentando emplacar mais produções de ficção especulativa nos últimos anos, mas com sua política de prezar por quantidade no lugar da qualidade, o catálogo do serviço de streaming acaba trazendo séries como Outra Vida ou The I-Land, e esse ano com Away.

A astronauta Emma Green (Swank) está prestes a embarcar em uma missão arriscada com uma equipe internacional, mas não está pronta para deixar seu marido e filha sozinhos na Terra. A proposta de desenvolver um drama mais íntimo é boa, e a série chegou a ser uma das mais assistidas em sua semana de lançamento, mas o enredo fraco e repetitivo fez com que o público perdesse o interesse rapidamente, e como a Netflix baseia suas renovações de série quase exclusivamente em “audiência”, Away foi cancelada.

Hilary Swank esteve no elenco de um dos melhores filmes FC de 2019, o thriller independente I am Mother. Depois de ter entregado uma atuação tão boa e o filme ter recebido certo reconhecimento entre os fãs do gênero, é uma pena ver que Away não foi a melhor escolha para aproveitá-la. Não foi uma série ruim, mas facilmente a mais esquecível da lista (uma grande parte já sumiu da minha memória).

Elenco da serie Utopia, disponivel no streaming Amazon Prime Video

20º Lugar | UTOPIA (2020)

Desenvolvida por Gillian Flynn
Disponível na Amazon Prime Video

Em 2013, Dennis Kelly foi responsável por uma das séries mais loucas da TV britânica. Utopia é protagonizada por um grupo de de amigos virtuais que acabam se encontrando para debater sua teoria da conspiração favorita, uma revista em quadrinhos que aparentemente contém informações capazes de revelar um enorme segredo envolvendo futuras ameaças, como sabotagem corporativa ou até mesmo uma pandemia. Durante sua exibição original, a série não atraiu tanto o público quando merecia, mas ao longo dos anos passou a ser reconhecida como uma produção bastante cultuada por quem é apaixonado por ficção científica.

Mas como toda boa obra lançada em qualquer parte do mundo, chega o momento em que algum estúdio decide adaptar a história para o público norte-americano. Só que dessa vez, tínhamos os nomes de David Fincher e Gillian Flynn no comando, os mesmos responsáveis pelo excelente filme Garota Exemplar, então talvez dessa vez a versão estadunidense pudesse trazer algo de novo, ainda mais considerando toda a premissa absurda e o contexto de um 2020 tomado por uma pandemia.

Para a tristeza de alguns, David Fincher acabou saindo do projeto para se dedicar ao seu próximo longa-metragem, o drama Mank. Ainda assim, Flynn é uma realizadora inteligente, o que acalmou o público. Mas depois de lançar sua primeira temporada, a versão norte-americana de Utopia se mostrou apenas uma colagem dos melhores momentos da série original, mas sem o mesmo impacto visual das cores e movimentos de câmera criativos, ou a forma como a trama era muito bem executada, dando igual atenção para cada núcleo dramático. Mesmo com um ótimo elenco, que inclui Rainn Wilson e John Cusack, Utopia tentou respeitar o material original, mas esqueceu que toda boa adaptação precisa de mudanças, então ficamos com uma temporada cheia de bons efeitos visuais e atuações, mas sem charme algum.

Elenco da série Brave New World, baseada no classico de Aldous Huxley, Admiravel Mundo Novo.

19º Lugar | ADMIRÁVEL MUNDO NOVO (2020)

Desenvolvida por Grant Morrison, Brian Taylor e David Wiener
Sem distribuição no Brasil. Disponível no streaming Peacock.

Adaptar o clássico de Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo, não é tarefa fácil. Por isso, o estreante serviço de streaming Peacock decidiu trazer três showrunners para desenvolver a série. De primeira, fiquei curioso com o envolvimento de Grant Morrison, um quadrinista que adoro e sempre tem idéias bem mirabolantes para suas histórias. Por um lado, ele realmente colaborou para uma construção de mundo mais contemporânea, utilizando elementos do livro original para formar um comentário intrigante sobre entretenimento, mídia e excesso. Mas ao mesmo tempo que sua visão diferente cria um tom único para a série, também a compromete por não dar a mesma atenção aos personagens.

CRÍTICA DA PRIMEIRA TEMPORADA DE ADMIRÁVEL MUNDO NOVO (2020)

Ao contrário de Utopia, Admirável Mundo Novo soube adaptar o material e transformá-lo em algo novo, mas o drama e enredo fraco fizeram com que tudo isso fosse uma grande oportunidade desperdiçada, tanto que a série foi cancelada antes do ano acabar.

Elenco principal da serie DARK, disponivel na Netflix

18º Lugar | DARK (2017-2020)

Desenvolvida por Baran Bo Odar e Jantje Friese
Disponível na Netflix

Foi apenas esse ano que finalmente decidi maratonar a aclamada série alemã, Dark, o drama que conta a história de quatro famílias na pequena cidade de Winden. Cheia de segredos entre seus habitantes, a cidade também esconde um mistério envolvendo o desaparecimento de suas crianças em datas diferentes, mas circunstâncias similares.

Em uma jornada envolvendo viagem temporal e realidades alternativas, o público ficou fascinado pela forma que a série trabalhou seus temas nas duas primeiras temporadas, e por isso havia uma grande expectativa pela sua terceira e última.

CRÍTICA DA TERCEIRA TEMPORADA DE DARK

Com tantos personagens, conceitos e elementos complexos, Dark teve dificuldade ao tentar equilibrá-los, o que resultou em uma temporada final mais inconsistente e apressada, que precisou dar tanta atenção para explicar seus conceitos, mas acabou esquecendo de desenvolver o que fez dela um sucesso em primeiro lugar: o drama dos personagens.

Evan Rachel Wood e Aaron Paul na terceira temporada de Westworld, serie da HBO

17º Lugar | WESTWORLD (2016- )

Desenvolvida por Jonathan Nolan e Lisa Joy
Exibido pela HBO e disponível na HBO GO

Adaptação seriada do clássico Westworld: Onde Ninguém tem Alma, de 1973, Westworld tem sido uma das minhas séries favoritas desde sua estréia, com uma primeira temporada impressionante, não só em escala por conta do investimento nos efeitos visuais, mas no ótimo enredo, com uma narrativa inventiva e cheia de diálogos impecáveis, ainda mais quando interpretados por alguém do calibre de Anthony Hopkins. Mas ele não é o único destaque, já que o elenco é um dos pontos altos da obra, com nomes como Evan Rachel Wood e Ed Harris.

Mas como uma série tão incrível foi parar em uma posição tão desfavorecida quanto essa? Infelizmente, depois de uma segunda temporada menos impactante do que a primeira, a terceira procurou por revelações e tramas ainda mais impressionantes. O problema é que ela tentou demais ao ponto de ter desenvolvido sua narrativa inteira em volta de reviravoltas, muitas delas previsíveis e desnecessárias, que simplesmente davam em nada, com subtramas abandonadas aleatoriamente. Nem mesmo incluir Aaron Paul no elenco ajudou, e Westworld foi da série mais criativa da HBO para uma ficção científica voltada para um cyberpunk quase sem identidade.

Elenco principal da serie Raised by Wolves, produzida por Ridley Scott

16º Lugar | RAISED BY WOLVES (2020-)

Desenvolvida por Aaron Guzikowski
Sem distribuição nacional. Disponível apenas no streaming HBO MAX.

Uma série sobre androides cuidando das últimas crianças humanas depois de uma guerra na Terra? Quero! Produzida por Ridley Scott? QUERO MESMO! E por mais que eu tenha me animado bastante com os visuais incríveis e boas atuações, Raised By Wolves cai na mesma armadilha de Westworld e Dark, e parece se enroscar no emaranhado de símbolos e metáforas religiosas que tenta conciliar com elementos de ficção científica.

Não é a primeira vez, e não será a última, que Ridley Scott se aproveita de conceitos existenciais e religiosos para desenvolver um comentário sobre a moralidade humana. Os temas e os mistérios são intrigantes, há muitas ideias boas na proposta, mas a execução peca ao tratá-las de forma superficial, criando conclusões sem muito peso para o drama dos personagens. Com exceção de uma direção de arte belíssima, Raised by Wolves se beneficiaria ainda mais de um roteiro menos carregado.

Ainda assim, que final foi aquele? Conte comigo para a segunda temporada!

Daveed Diggs estrela a série Snowpiercer na Netflix

15º Lugar | SNOWPIERCER (2020-)

Desenvolvida por Josh Friedman e Graeme Manson
Disponível na Netflix

Adaptação de um quadrinho de mesmo nome, o filme Snowpiercer (Expresso do Amanhã) foi lançado em 2013, e pode não ter recebido tanta atenção na época, mas começou a ganhar fôlego com o passar dos anos, principalmente pelo conceito de transformar um trem em uma alegoria para a batalha de classes, com cada vagão servindo como uma representação de alguma casta social. E a popularidade pode ter aumentado ainda mais por conta de seu diretor, Bong Joon Ho, que venceu o Oscar 2020 com seu filme Parasita.

Como (quase) tudo que faz sucesso no cinema, Snowpiercer recebeu uma versão seriada, estrelada pelo carismático Daveed Diggs. Mas para que a narrativa funcione em um formato episódico, a saída foi transformar a alegoria política do filme em um thriller policial, com um protagonista que, ao invés de apenas tentar mudar o sistema, agora precisa usar suas habilidades como detetive para resolver um caso de assassinato.

Com um bom elenco e um enredo competente, Snowpiercer não chega a ter todo o impacto visual do longa de 2013, mas é uma boa pedida para quem procura uma série policial em um futuro pós-apocalíptico.

Patrick Stewart retorna para seu papel de Picard em Star Trek

14º Lugar | STAR TREK: PICARD (2020-)

De Alex Kurtzman, Akiva Goldsman, Michael Chabon e Kirsten Beyer.
Disponível na Amazon Prime Video

Nada me deixou tão ansioso quanto o retorno de Jean-Luc Picard, um dos capitães mais adorados da franquia e protagonista da série Jornada nas Estrelas: A Nova Geração (The Next Generation), interpretado por Patrick Stewart. Essa foi uma série que tinha diversos obstáculos em seu caminho, como ter que agradar o público da série original e conquistar novos espectadores.

O resultado é um híbrido entre a ação rápida da timeline Kelvin e da série Discovery, com toques de A Nova Geração, dando espaço para pequenos momentos de reflexão e silêncio (pequenos mesmo, infelizmente). Talvez nem todos concordem com essa decisão, mas particularmente considero um compromisso necessário, desde que tenhamos um enredo e personagens consistentes.

Mas infelizmente, para cada acerto, a temporada também cometeu erros enormes. Além de toda a violência gratuita e as subtramas mal construídas, Picard parece um coadjuvante em sua própria série, dando espaço para personagens bem menos interessantes.

Stephen Amell estrela a serie UPLOAD na Amazon Prime Video

13º Lugar | UPLOAD (2020-)

Desenvolvida por Greg Daniels
Disponível na Amazon Prime Video

Nathan é um jovem programador procurando por investidores, mas depois de sofrer um acidente de carro, recebe a chance de ser integrado a uma realidade virtual onde você pode salvar a sua consciência antes de morrer e continuar sua segunda vida em um paraíso chamado Lakeview.

Mesmo relutante, acaba aceitando a oferta de sua namorada, mas agora vive em uma realidade controlada por computadores. Mesmo tendo um avatar físico e outras consciências com quem conversar, Nathan se sente mais sozinho do que nunca; mas as coisas mudam quando ele conhece Nora, uma das atendentes trabalhando para manter Lakeview e seus clientes satisfeitos.

Upload têm problemas, alguns deles podem te tirar completamente da série, mas essa primeira temporada tem seus momentos e sabe se divertir com as regras do seu mundo. Pode não ser imperdível, mas pode te entreter com boas piadas e um roteiro mais consistente do que imaginei que seria, principalmente considerando a premissa e todos os conceitos apresentados.

Personagens da serie animada Lower Decks, derivada de Star Trek

12º Lugar | STAR TREK: LOWER DECKS (2020-)

Desenvolvida por Mike McMahan
Sem distribuição nacional. Disponível no streaming CBS ALL ACCESS.

Voltando para o universo de Jornada nas Estrelas, Lower Decks é uma série que foca na parte menos glamurosa das naves da Federação, seguindo a equipe de oficiais de baixa patente, que fazem todo tipo de trabalho servindo de assistentes para a tripulação principal. Eles tem que consertar replicadores de comida, fazer catalogações de novas espécies, limpeza geral, manutenção dos holodecks e toda aquela coisa que ninguém gosta de fazer.

Seguindo o mesmo estilo de animação e o humor de séries como Rick and Morty, Lower Decks tem boas idéias, e se dá bem quando quer faz algo original e engraçado, mas um enorme problema é a dependência dos roteiristas em nostalgia, o que faz com que os roteiros sejam cheios de referências vazias que, por mais obscuras que sejam, não servem propósito algum. Quando não foca nisso, Lower Decks fica bem melhor.

Elenco da série Star Trek Discovery em sua terceira temporada

11º Lugar | STAR TREK: DISCOVERY (2017-)

Desenvolvida por Bryan Fuller e Alex Kurtzman
Disponível na Netflix.

Depois de duas temporadas sem parecer saber qual seu propósito, Discovery finalmenteencontrou uma solução para poder desenvolver uma narrativa própria. Ao transportar a história de Burnham e companhia para um futuro distante, a série conseguiu se livrar da obrigatoriedade em tentar equilibrar uma tecnologia mais avançada com a estética mais “clássica” da linha temporal. Não é como se eles já estivessem fazendo um bom trabalho nesse departamento, mas com essa desculpa narrativa Discovery pode explorar a mitologia de Jornada sem se preocupar tanto com anacronismos.

Mantendo os efeitos visuais de qualidade, introduzindo novos personagens interessantes e subtramas mais envolventes, vamos torcer para que não tenhamos mais mudanças inesperadas nos bastidores que causem a bagunça que foi a temporada anterior.

Nova serie do mesmo criador de Rick and Morty, Solar Opposites

10º Lugar | SOLAR OPPOSITES (2020-)

Desenvolvida por Mike McMahan e Justin Roiland
Ainda não tem distribuição nacional. Disponível no streaming Hulu

Em Solar Opposites seguimos o cotidiano de uma família alienígena que precisou fugir de Schlorp, seu planeta-natal utópico que acabou atingido por um asteroide. Mas na procura por um novo lar, sua nave cai na Terra, onde eles agora vivem e reclamam dos costumes e rituais humanos. Os aliens Korvo e Terry são os guardiões de dois replicantes infantis, Yumyulack e Jesse. Juntos, eles tentam se adequar aos costumes terráqueos.

Solar Opposites pode ter seus defeitos, mas é quando explora o caos do cotidiano que realmente brilha, e isso porque o comediante e dublador Justin Roiland é excelente em humor improvisado. Terminamos a temporada com algumas pontas soltas, e por mais que essa não tenha sido uma das animações mais marcantes do ano, talvez eu volte para mais no futuro. São apenas oito episódios e eles passam voando.

Leia a crítica completa AQUI.

A serie nacional Onisciente é mais um avanço nas producoes brasileiras de ficcao especulativa

09º Lugar | ONISCIENTE (2020-)

Desenvolvida por Pedro Aguilera
Disponível na Netflix.

Nina Peixoto (Carla Salle) trabalha para uma enorme empresa de vigilância, e as coisas parecem ir bem até o dia em que seu pai é assassinado misteriosamente e o sistema que acredita ser infalível não é capaz de revelar um culpado. Assim, Nina procura uma maneira de descobrir o responsável enquanto tenta burlar o sistema e as câmeras em sua volta.

Produção nacional, Onisciente não se limita às referências do gênero, como Asimov e Philip K Dick, e cria um universo próprio, com personagens e regras bem estabelecidas. Essa série é mais um passo para o avanço de produções de gênero no mercado nacional, um que ainda pode ser bastante influenciado por material norte-americano, mas carrega uma voz cada vez mais forte.

Leia a crítica completa AQUI.

O sucesso The Mandalorian continua a jornada dos personagens da franquia Guerra nas Estrelas, Star Wars

8º Lugar | THE MANDALORIAN (2019-)

Desenvolvida por Jon Favreu
Disponível na Disney+

Eu admito não ser o maior fã de Star Wars, mas The Mandalorian conseguiu me conquistar pelas narrativas contidas e a estrutura de western que aquece meu coração. Os efeitos especiais são impressionantes, com um orçamento gigantesco, que acaba se justificando com sequências de ação maravilhosas. Além disso, personagens carismáticos e diretores convidados de alto calibre, como Taika Waititi e Robert Rodriguez.

A primeira temporada foi facilmente a melhor produção no universo de Star Wars em décadas, e por mais que a segunda temporada não tenha me conquistado do mesmo jeito, por conta das conveniências do roteiro e o excesso de fan service nostálgico desnecessário (a conclusão da segunda temporada não me emocionou, não deu), ainda assim foi uma das mais divertidas do ano, com aventuras que não perdem o fôlego e enriquecem o universo da série cada vez mais.

A animação Rick and Morty chega em sua quarta temporada

7º Lugar | RICK AND MORTY (2013-)

Desenvolvida por Dan Harmon e Justin Roiland
Disponível na Netflix.

Rick and Morty é uma das animações mais aclamadas da TV. Mesmo não sendo reconhecida em seus primeiros anos, começou a ganhar enorme atenção no Brasil assim que teve seus episódios disponibilizados pelo serviço de streaming Netflix. Depois das duas primeiras temporadas, a série parece ter perdido um pouco de fôlego, mas com a estréia da quarta temporada, sinto que eles estão voltando aos trilhos.

Eu nem preciso falar demais dessa série porque, convenhamos, ela está popular em um nível de uma parcela dos fãs ter se tornado insuportável. Alguns acreditam que a animação perdeu toda a graça, mas ainda vejo muito material que pode ser explorado no futuro.

John C Reilly e Tim Heidecker na comedia espacial Moonbase 8

6º Lugar | MOONBASE 8 (2020-)

De Fred Armisen, Tim Heidecker, John C. Reilly e Jonathan Krisel
Sem distribuição nacional. Disponível na SHOWTIME.

Antes mencionei a série Away, que pode não ter elementos de ficção científica o suficiente, mas ainda assim traz uma narrativa de exploração espacial e, convenhamos, todo fã do gênero adora uma história envolvendo astronautas. Em 2020 tivemos duas comédias que focam nos bastidores da NASA, a primeira sendo Space Force, estrelada por Steve Carell; a segunda foi uma bem menos popular, Moonbase 8. A diferença entre as duas é que Space Force parece apenas uma grande sátira feita às pressas para brincar com uma força tarefa espacial proposta por Donald Trump (nenhuma surpresa), enquanto Moonbase 8 tem uma escala bem menor e aproveita seu elenco para criar situações hilárias.

Estrelada por Fred Armisen, Tim Heidecker e John C. Reilly, a série segue três astronautas em uma base de testes, onde eles treinam para uma futura missão lunar. Ao longo de oito episódios assistimos os três comediantes improvisando diálogos e protagonizando situações ridículas por conta do seu comprometimento com a missão. Como se os três não fossem o suficiente, o espectador começa a questionar como a NASA decidiu contratar pessoas tão incompetentes, o que cria uma linha narrativa curiosa. É uma das séries menos conhecidas dessa lista, mas vale muito a pena para quem procura uma comédia bem feita.

Hugh Laurie estrela a serie Avenue 5 na HBO

5º Lugar | AVENUE 5 (2020-)

Desenvolvida por Armando Iannucci
Disponível na HBO GO.

Eu demorei para assistir a primeira temporada de Avenue 5 por conta das diversas críticas negativas, mas quando comecei a assistir percebi que a maioria delas envolvia o humor da série, idealizada por Armando Iannucci, mais conhecido por seu trabalho em comédias como Veep. E talvez esse seja o problema, o humor de Iannucci é muito específico, sem punchlines ou nada que te faça gargalhar, mas é o tipo de comédia na qual os diálogos entregam mensagens conflitantes e o espectador precisa questionar o quanto daquilo é real, e o quanto é baboseira. Sim, é um humor muito específico, mas se ele não te pegar, a série com certeza não funciona.

A história gira em torno dos tripulantes de um cruzeiro espacial de luxo, que depois de um acidente tem o seu curso alterado, fazendo com que todos fiquem presos lá por bem mais tempo do que imaginavam. Além de lidar com as notícias ruins, os clientes precisam aturar o capitão e sua equipe, que são fazem idéia do que fazer.

A temporada passa a pegar mais fôlego e ficar mais dinâmica com o decorrer dos episódios, mas até lá, muitas pessoas já abandonaram, o que é uma pena porque a série tem ótimas atuações de Hugh Laurie e Zach Woods, além de efeitos especiais de qualidade (orçamento HBO). Para quem não gosta do humor, essa série vai ser um desastre, mas para quem procura uma comédia mais sutil, vai adorar tanto quanto eu.

A serie animada The Midnight Gospel estreia na Netflix

4º Lugar | THE MIDNIGHT GOSPEL (2020-)

Desenvolvida por Duncan Trussell
Disponível na Netflix.

Clancy comanda um podcast espacial chamado The Midnight Gospel, onde entrevista seres diversos de planetas em extinção. Com um simulador de multiversos, ele pode enviar um avatar com a sua consciência para estes planetas e gravar longas conversas, que podem ir de um simples questionamento sobre a legalização da maconha até uma viagem através dos sentidos, com debates sobre ética existencial e identidade.

Não se deixe enganar por elementos como barcos carregados pela energia positiva de gatos ou unicórnios que vomitam sorvete, The Midnight Gospel é uma experiência única através do espaço e da alma.

Leia a crítica completa AQUI.

Serie da Amazon Prime Video, Tales from the Loop explora o misterio da humanidade

3º Lugar | TALES FROM THE LOOP (2020-)

Desenvolvida por Nathaniel Halpern
Disponível na Amazon Prime Video

Inspirado nos livros de Simon Stålenhag, que participa da série como roteirista e produtor executivo, Tales From The Loop segue a rotina dos habitantes de uma pequena cidade localizada acima de uma instalação de pesquisa, onde se encontra uma máquina chamada The Loop, capaz de explorar diversos mistérios do universo. Isso acaba afetando os habitantes, que experienciam situações inusitadas envolvendo inconsistências temporais, forças que desafiam as leis da física e outras coisas que poderiam ter saído de alguma obra de ficção científica.

Tales From The Loop é uma série que segue os moldes de outros grandes sucessos, mas se destaca na execução, apresentando mundos e personagens diversos sem depender de suas referências, explorando o que há de mais complexo na ficção científica, o ser humano.

Leia a crítica completa AQUI.

Serie dirigida por Alex Garland, Devs explora a possibilidade da inteligencia artificial

2º Lugar | DEVS (2020-)

Desenvolvida por Alex Garland
Disponível na FOX Premium

Alex Garland fez sua carreira com a ficção científica, como os filmes Ex_Machina e Aniquilação, o que atraiu os fãs do gênero, mas assustou os estúdios por conta do orçamento gasto com efeitos visuais, e roteiros que não seguem uma linha narrativa tão tradicional. Então, quando decidiu desenvolver uma história sobre uma instalação de pesquisa capaz de visitar o passado e observar o futuro, o formato seriado foi o mais apropriado.

DEVS foi produzida pelo canal FX, e em oito episódios consegue trazer um espetáculo visual impressionante, tão bom que não fica devendo aos seus filmes. Mas além dos visuais e da trilha musical assustadora, há também um enredo complexo e intrigante, e um drama construído para casar perfeitamente com os temas da série. Nem todas as atuações são impecáveis como a parte técnica, mas os pontos altos conseguem apagar completamente os defeitos da temporada. Amito que ela não seja para todos por causa do ritmo lento e a direção quase experimenta em alguns episódios, mas para quem procura algo totalmente diferente, DEVS é uma experiência única.

A serie The Expanse esta disponivel na Amazon Prime Video

1º Lugar | THE EXPANSE (2015-)

Desenvolvida por Daniel Abraham, Mark Fergus, Ty Franch e Hawk Ostby
Disponível na Amazon Prime Video.

E como já era esperado, mais uma vez The Expanse é a série essencial para todo fã de ficção científica. Efeitos visuais de qualidade, conceitos originais, tramas emocionantes e uma abordagem mais realista de exploração espacial e política nas narrativas especulativas, essa série tem de tudo. Ela pode ter uma primeira temporada lenta, que demora estabelecendo as regras do mundo, mas quando passa a focar nos personagens e nas missões, The Expanse é o que o gênero tem de melhor para oferecer.

A tripulação da nave Rocinante continua sua jornada em busca de respostas para os eventos misteriosos que acabara de presenciar, enquanto precisam se envolver em um longo conflito entre a Terra, Marte e os membros do cinturão de asteroides de Ceres. Em 2020 tivemos a estréia de sua quinta temporada (felizmente, depois de ser cancelada pelo canal SYFY, a Amazon comprou os direitos da série), e por mais que seja a série mais avançada em episódios dessa lista, é uma das que mais vale a pena, se não for a melhor. E é por isso que ela continua no topo.

Então é isso!
Sentiu falta de alguma série?

Deixe um comentário com os seus favoritos do ano, eu sempre gosto de receber indicações, e espero que tenham gostado das que postei aqui. 

Até a próxima!

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Séries

Star Trek: Discovery | “That Hope is You: Parte 1” (Crítica 3X01)

Spoilers das temporadas anteriores de Star Trek: Discovery.

Não é novidade que algumas produções de Jornada nas Estrelas passam pelo mesmo problema: uma temporada de estréia inconsistente e/ou dificuldade para encontrar sua identidade nos primeiros episódios. A Nova Geração, Voyager e Enterprise sofreram com mudanças nos bastidores e narrativas pouco envolventes no início, mas cada uma delas conseguiu encontrar um ótimo ritmo ao longo do caminho (infelizmente, Enterprise não pôde desfrutar disso, já que foi cancelada). Star Trek: Discovery ainda é um caso em aberto, com duas temporadas completamente distintas em proposta, mas o mesmo tom.

Enquanto a sua temporada de estréia foca em um embate com os Klingons e universos espelhados, o ano seguinte parecia “atirar para todos os lados”, tentando reunir diversas ameaças, como inteligências artificiais, a já-não-tão-secreta Seção 31, as criaturas Ba’ul e anomalias temporais, além de ter a tarefa de reintroduzir os personagens Pike (Anson Mount), Spock (Ethan Peck) e Número Um (Rebecca Romijn) – uma reunião que logo rendeu mais um spin-off da franquia, chamado Strange New Worlds.

Portanto, Discovery encontrou uma solução para poder desenvolver uma narrativa própria, e ao transportar a história de Burnham e companhia para um futuro distante, a série conseguiu se livrar da obrigatoriedade em tentar equilibrar uma tecnologia mais avançada com a estética mais “clássica” da linha temporal. Não é como se eles já estivessem fazendo um bom trabalho nesse departamento, mas com essa desculpa narrativa Discovery pode explorar a mitologia de Jornada sem se preocupar tanto com anacronismos.

Star Trek

Por conta dos eventos do final da temporada anterior de Star Trek: Discovery, Michael Burnham chega no futuro, atravessando mais de 900 anos de história. Mas por conta de uma viagem turbulenta e incerta, ela atravessa o portal temporal antecipadamente, e assim chega sozinha ao ano de 3.188. Sem rumo, Michael encontra Cleveland Booker (ou apenas Book), um humano cheio de segredos, mas que acaba sendo a única chance de Burnham sobreviver ao futuro hostil.

That Hope is You: Parte 1 tem um dos melhores exemplos de direção de arte da série até o momento, provavelmente por conta da equipe ter filmado cenas na Islândia e Canadá, grande parte sem a necessidade de um estúdio fechado. Com isso tivemos tomadas abertas de belíssimas paisagens naturais, com contrastes entre cachoeiras vivas e um deserto desolador e cinzento. Além disso podemos ver como a série introduz estruturas e tecnologias novas, sem precisar de qualquer conexão com o que foi estabelecido anteriormente. Uma das mais curiosas foi o uso do que parece ser nanotecnologia ou uma forma de manipular energia, algo que lembrou um conceito do livro O Fim da Eternidade, de Isaac Asimov. Algo bastante utilizado nesse episódio foi o conceito de transportadores portáteis, que pode ser interessante mas também corre o risco de resultar em soluções convenientes para o roteiro.

O episódio é dirigido por Olatunde Osunsanmi, que já esteve por trás de vários episódios da série, e aqui ele apresenta uma narrativa mais contida, principalmente por dar destaque para as interações entre Burnham e Book, os dois principais personagens do episódio. Essa foi uma boa decisão para desenvolver melhor um lado diferente e mais descontraído de Michael Burnham e fazer com que Sonequa Martin-Green mostre suas habilidades como atriz. Além dela, David Ajala faz um ótimo trabalho ao definir a personalidade de Book, que em apenas um episódio deixa claro como pode alternar entre intimidador e delicado sem problemas, sem contar que esse é um caso raro em que um roteiro de Discovery consegue estabelecer um personagem de forma envolvente em apenas um episódio.

Star Trek

Mesmo que o foco seja na relação dos personagens de Sonequa e Ajala, o episódio ainda traz as mesmas sequências de ação desenfreada e sem muita consequência, o que é um comprometimento que a série precisa fazer para poder atrair a atenção da base de fãs que considera Jornada nas Estrelas muito “cerebral”. Mas também há uma melhora no ritmo, que fica mais dinâmico e menos inconsistente, sem contar que esse episódio carrega um tom mais cômico e despretensioso, algo que considero muito bem-vindo e espero que continue no futuro. Aqui menciono rapidamente a participação especial do ator Adil Hussain, em um papel que claramente serve de referência para Battlestar Galactica. Ele pode ter uma presença mais pontual, mas significativa, trazendo um dos momentos mais emocionantes e até otimistas que Discovery já viu.

That Hope is You: Parte 1 é promissor e traz alguns mistérios (quando a tripulação chega; o que foi a Combustão?…), e se ele for indicativo do tom que a temporada seguirá, talvez Discovery finalmente tenha encontrado sua identidade, e vamos torcer para que não tenhamos mais mudanças inesperadas nos bastidores que causem a bagunça que foi a temporada anterior. 

Star Trek: Discovery.
Episódio 3×01: That Hope is You: Part. 1
Lançado originalmente em 15 de Outubro de 2020.
Direção: Olatunde Osunsanmi.

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Séries

Solar Opposites (1ª Temporada) | A Trivialidade no Caos

“Somos alienígenas, trabalhamos de forma misteriosa.
Não podemos ser julgados por padrões humanos”. 

Toda vez que surge uma nova animação, principalmente uma com temática sci-fi, já corro para assistir. No caso de Solar Opposites, a expectativa é ainda maior por conta dos nomes envolvidos na produção. Desenvolvida por Mike McMahan e Justin Roiland, o primeiro sendo um dos roteiristas e o segundo o co-criador de Rick and Morty, respectivamente, é óbvio que há uma cobrança por parte dos fãs. 

Em Solar Opposites seguimos o cotidiano de uma família alienígena que precisou fugir de Schlorp, seu planeta-natal utópico que acabou atingido por um asteroide. Mas na procura por um novo lar, sua nave cai na Terra, onde eles agora vivem e reclamam dos costumes e rituais humanos. Os aliens Korvo e Terry são os guardiões de dois replicantes infantis, Yumyulack e Jesse. A interação entre eles acaba sendo similar a de um casal cuidando de suas crianças adotivas, assim temos Korvo e Terry procuram maneiras de se adequar a nova vida, enquanto Yumyulack e Jesse são matriculados em uma escola para aprender mais sobre os terráqueos. 

A animação tem uma proposta comum de comédias situacionais (sitcoms). A primeira que me veio em mente foi a divertida Uma Família de Outro Mundo (3rd Rock From the Sun, no original), e é claro que Alf, o Eteimoso também explora essa premissa. Mas por termos alguém como Justin Roiland por trás da série, não conte com o tom leve e descontraído das produções que acabei de mencionar. Essa nova animação é insana, escatológica e cheia de humor negro. 

Ao longo da curta temporada de apenas oito episódios, grande parte da comédia vem das tentativas – sem sucesso – dos alienígenas em se adaptar ao estilo de vida dos humanos. Situações absurdas como ter uma crise existencial ao perceber que um mascote da TV não é real ou ficar indignado com a forma como os humanos se satisfazem ao assistir um truque de máquina faz com que a solução dos alienígenas seja usar todo tipo de ferramenta ou tecnologia extraterrestre (como eles dizem, “baboseira sci-fi”) para tentar compreender as pessoas. 

Solar Opposites nova serie do co-criador de Rick and Morty

Vale mencionar que a maior parte dos humanos da série servem apenas como vítimas para os planos dos protagonistas, ou seja, há uma boa quantidade de violência e sangue na temporada. Mesmo que não seja oficial, Solar Opposites pode ser visto como um spin off de Rick and Morty, não só por compartilhar parte da equipe criativa, incluindo os animadores, mas pelo tom indiferente e anarquista das tramas.  

Por mais que tenha algumas ótimas piadas e desenvolva bem as suas regras e limitações, talvez a falta de alguém como Dan Harmon (com quem Roiland criou Rick and Morty) tire um pouco do brilho dessa nova série. Harmon é responsável pela maior parte do humor metalinguístico e referencial de toda produção em que se envolve, e sua habilidade de elaborar comentários inteligentes e ácidos sobre a estrutura narrativa da TV seriam bem-vindos aqui.

Essa nova série está constantemente fazendo menções e inserindo piadas sobre outros programas, de clássicos como Quinta Dimensão até o sucesso Harry Potter. Chegam a colocar um Justin Roiland animado logo no primeiro episódio como easter egg. Mas nada disso parece ser o suficiente e na maioria das vezes essas referências soam vazias e sem razão. Se por um lado conseguem brincar com os roteiros e personagens de Gilmore Girls de um jeito que contribua para a narrativa, por outro tentam fazer um meta-comentário sobre o serviço de streaming Hulu, onde a animação é exibida, mas repetindo a mesma crítica em diversos episódios. Uma vez é engraçado, duas tudo bem, mas quase todo episódio tem uma piada assim, e essa repetição não contribui para o enredo, apenas distrai e nos lembra de algo que já sabemos. Harmon faz isso com um propósito, Roiland parece um pouco perdido nessa parte.

Continuando nas similaridades entre projetos, já que é inevitável compará-los, a dublagem mantém a mesma qualidade, mas fica difícil distinguir Korvo de Rick, já que os dois são personagens inteligentes dublados por Roiland e tem a mesma atitude sarcástica e arrogante. Mas isso pode ser mais um problema na construção dos personagens, que mesmo tendo características distintas, não tem arcos dramáticos atraentes o suficiente, resultando em conclusões pouco satisfatórias.

Solar Opposites nova serie de Justin Roiland co criador de Rick and Morty

Outro indício de que os personagens principais precisam de mais do que apenas traços definidores é o fato de uma subtrama sobre humanos encolhidos e aprisionados no quarto dos aliens por vezes rouba a atenção e parece mais intrigante do que a trama principal. Nessa subtrama, temos uma narrativa clássica sobre ascensão e queda de distopias, o que é simples mas eficaz, principalmente porque os roteiristas parecem estar se divertindo mais ao criar uma nova civilização em volta desses humanos prisioneiros, com ratos servindo de locomoção ou M&Ms como moeda de troca, ao invés das aventuras de Korvo, Terry, Yumyulack e Jesse. O núcleo distópico é tão divertido e engraçado ao ponto de ter um episódio inteiro dedicado exclusivamente a ele, o que é bom mas nos faz lembrar que a trama secundária é envolvente que a principal.

Solar Opposites pode ter seus defeitos, mas é quando explora o caos do cotidiano que realmente brilha, e isso porque Justin Roiland é excelente em humor improvisado. Terminamos a temporada com algumas pontas soltas, e por mais que essa não tenha sido uma das animações mais marcantes do ano, talvez eu volte para mais no futuro. Por enquanto, vale a pena assistir: são apenas oito episódios e eles passam voando.  

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UPLOAD | Um descanso para o corpo e a mente

Em um futuro de carros inteligentes e impressoras 3D capazes de replicar comida em segundos, a tecnologia mais cobiçada pela sociedade é uma realidade virtual onde você pode salvar a sua consciência antes de morrer e continuar sua segunda vida em hotéis de luxo. Acessível para poucos, o serviço Lakeview é o paraíso na terra (ou em um disco rígido), e Nathan Brown (Robbie Amell) acaba de chegar ao lugar, mesmo que não seja da maneira que imaginou.

Nathan é um jovem programador procurando por investidores, mas depois de sofrer um acidente de carro, recebe a chance de ser integrado ao serviço pós-vida digital. Relutante, acaba aceitando a oferta de sua namorada, Ingrid Kannerman (Allegra Edwards), rica o suficiente para pagar o procedimento. Agora, vivendo em uma realidade controlada por computadores, mesmo tendo um avatar físico e outras consciências com quem conversar, Nathan se sente mais sozinho do que nunca. Mas as coisas mudam quando ele conhece Nora Antony (Andy Allo), uma das atendentes trabalhando para manter Lakeview e seus clientes satisfeitos. 

Essa é a longa premissa de Upload, nova série original do serviço de streaming Amazon Prime Video. Criada por Greg Daniels, responsável por séries como The Office e Parks & Recreation (há referências das duas ao longo da temporada, incluindo uma participação especial), é difícil não encontrar similaridades entre a proposta de Upload e o episódio San Junipero, da terceira temporada do já popular Black Mirror. Mas o conceito de viver em uma realidade pós-vida adaptada não é algo novo para a ficção científica.

Upload

Temos autores como Philip K Dick, que já tocaram no assunto, explorando temas como consciência e livre-arbítrio, o que Upload faz de forma propositalmente superficial, já que pretende seguir uma abordagem mais leve e descontraída para um tópico tão complexo. É por isso que a execução dessa primeira temporada talvez seja tão similar ao de comédias como The Good Place, criada por Michael Schur, amigo de longa data de Daniels. 

O maior destaque positivo da série está na construção de mundo. Todos os elementos inseridos nesse possível ano 2023 não estão longe da realidade, mas tem algumas características exageradas para criar situações cômicas, como os aplicativos de namoro repetindo suas indicações ou drones de entrega jogando todas as embalagens de uma vez no mesmo ponto.

A realidade virtual de Lakeview é onde os roteiristas realmente brincam com a proposta da série e criam piadas envolvendo problemas cotidianos, como os usuários que não podem aproveitar o café da manhã fora do horário. Além disso, temos tramas incitadas por conta de problemas no sistema, sejam eles glitches, renderização incompleta ou a velocidade de fotogramas inconsistente, o que faz com que a comédia também tenha um propósito narrativo. 

Mas é exatamente na comédia que temos o primeiro tropeço. Com um enredo que tenta balancear comédia, drama, elementos de ficção científica e até uma subtrama envolvendo a misteriosa morte do protagonista, não sobra espaço para muitas risadas, e o ritmo acaba sofrendo por conta disso, deixando tudo mais inconsistente e sem direção. Em certo ponto, uma policial é esfaqueada e uma piada é inserida logo em seguida, mas essa rápida sequência acontece durante um dos momentos mais tensos e dramáticos do episódio. Esse é apenas um dos exemplos da execução fraca de Upload

Upload

Outro problema está no elenco, que não começou com o pé direito ao apresentar Robbie Amell como o protagonista, Nathan. Amell consegue ser charmoso, mas não entrega bem os diálogos mais cômicos, e quando se trata de drama, assisti-lo chorando pode ser um trauma completamente diferente (ele chega ao ponto de cobrir o rosto com um travesseiro para esconder a atuação).

Mas assim como humor, atuações entram em um território mais subjetivo, e é possível que alguém goste da atuação rígida e mecânica de Amell (eu não me aguentei). Também podem ser um incômodo coadjuvantes como Andrea Rosen, que interpreta a chefe do departamento de atendimento aos clientes; e Elizabeth Bowen, atuando como Fran Booth, uma parente de Nathan que decide investigar sua morte sem autorização alguma; essas duas extremamente caricatas e servindo apenas de alívio cômico. 

Com exceção do protagonista e esses coadjuvantes genéricos, sobra para atores como Andy Allo, interpretando a assistente Nora, a difícil tarefa de manter o público investido emocionalmente no drama principal. E é Allegra Edwards, no papel de Ingrid Kannerman, quem merece elogios por alternar naturalmente entre uma personagem caricata e extravagante para um lado mais humano e vulnerável. Essas duas são as maiores surpresas positivas do elenco, e é uma pena terem que atuar ao lado de pessoas como Robbie Amell. 

Upload tem vários problemas, alguns deles podem te tirar completamente da série, mas essa primeira temporada tem seus momentos e sabe se divertir com as regras do seu mundo. Pode não ser imperdível, mas pode te entreter caso não tenha algo melhor para assistir.